Entrevista

Bianchi relembra Libertadores como zagueira pelo Palmeiras e diz: 'Mudança é psicológica'

Volante foi campeã pelo Verdão atuando na defesa em 2023 e contou bastidores da conquista em conversa com o NOSSO PALESTRA

(Foto: Fabio Menotti)
(Foto: Fabio Menotti)

Na última temporada, o Palmeiras venceu a Libertadores da América em sua primeira participação no torneio. A campanha palestrina foi imponente, vencendo todos os confrontos e goleando o Boca Juniors na decisão. No entanto, antes do torneio começar, o time passou por problemas com as saídas de Agustina e Thaís e a eliminação no Brasileirão para o Corinthians.

Conheça o canal do Nosso Palestra no Youtube! Clique aqui.
Siga o Nosso Palestra no Twitter e no Instagram / Ouça o NPCast!
Conheça e comente no Fórum do Nosso Palestra

VEJA NO NOSSO PALESTRA
Ary relembra gol na final da Libertadores Feminina 2022

Sem a dupla de defesa titular, o técnico Ricardo Belli precisou improvisar a volante Júlia Bianchi como zagueira. A atleta, contudo, teve um grande desempenho e foi importante na conquista continental. A meio-campista conversou com o NOSSO PALESTRA e explicou a mudança de posição. Segundo a atleta, esta alteração é mais psicológica do que técnica ou tática.

– Acho que é uma mudança psicológica, a gente mudar a chavinha e saber que estar no meio-campo é diferente de estar na “zaga”. A mudança é mais difícil quando você está na “zaga” e vai ao meio-campo, porque na “zaga” você tem uma pressão vinda de um lado só. Você tem mais espaço, mais tempo com a bola no pé. No meio-campo você está sempre cercada de duas, três jogadoras. Tem pouco tempo para tomar uma decisão, é tudo mais dinâmico, mais rápido. Mas tem a mudança na questão defensiva. Você vai para a “zaga” e você precisa prestar atenção na linha de impedimento, na altura das linhas, quando você está em pressão, quando você pode sair jogando. Essa mudança de chavinha é importante e também estar aberta às necessidades do time. Acho que é isso. Entender que é o que a equipe precisa no momento, deixar o ego de lado. É conseguir separar isso, deixar de lado e pensar em prol do coletivo.

Além disso, a jogadora relembrou o início no Maior Campeão Nacional. Júlia chegou ao Verdão após se destacar pelo Avaí/Kindermann, sendo vice-campeã brasileira e eleita a melhor jogadora do país na temporada.

– Cheguei no Palmeiras em 2020, num momento muito importante da minha carreira. Eu estava jogando no Avaí/Kindermann e tínhamos acabado de ser vice-campeãs brasileiras. Cheguei em um momento pessoal muito bom, tinha conquistado prêmios individuais. Cheguei em um momento importante do clube também. Não sei dizer ao certo o número de contratações, mas lembro que 30% do time eram novas contratações e jogadoras de muita qualidade. O projeto do Palmeiras me chamou muito a atenção quando a gente iniciou as conversas por ser um projeto não só de curto-prazo, mas estava pensando em conquistar uma vaga na Libertadores para, no ano seguinte, dar sequência de uma forma organizada. A torcida, desde o momento que eu cheguei, me abraçou muito. Recebi muitas mensagens de apoio, de carinho. O primeiro ano foi o ano em que a gente ainda não estava com a torcida nos estádios, por causa do Covid. Mas no final do primeiro ano, e especialmente no segundo ano, com a torcida presente nos estádios, acompanhando, quebrando recorde de público. Foi muito especial.

A temporada 2022 foi a segunda de Júlia Bianchi no Palmeiras. Nesta, o Palmeiras foi eliminado no Brasileirão para o Corinthians, mas conseguiu se reestruturar para a disputa da Libertadores. Segundo a meio-campista, isso só foi possível devido à união do elenco, que se fechou e focou na competição continental.

(Foto: Fabio Menotti)

– Para mim, foi um momento muito importante do ano. A gente tinha acabado de ser eliminadas do Campeonato Brasileiro, e no ano anterior, quando a gente perdeu a final do Campeonato Brasileiro, acho que o time sentiu isso. A gente demorou muito para assimilar tudo, para reagir, e na semana seguinte a gente já tinha um jogo importante do Campeonato Paulista e não conseguimos os resultados necessários para nos classificarmos às semifinais. No ano seguinte, quando a gente foi eliminado do Campeonato Brasileiro, teve a questão das meninas saírem do time na véspera do jogo, nós tivermos que nos adaptar de uma forma muito rápida, buscar soluções que funcionassem e que a gente pudesse seguir porque tinha uma Libertadores batendo na nossa porta. Me recuar foi a alternativa que o Belli propôs e acho que pelos resultados deu certo, ganhamos a Libertadores e o Paulista na sequência. Se eu tivesse que falar, não é minha posição preferida, obviamente prefiro jogar no meio-campo, mas nós atletas precisamos estar abertas a ajudar a equipe da melhor maneira possível, e era o que era necessário no momento. Abracei a ideia junto com todas as outras jogadoras do time, a gente se fechou como grupo, entendeu que era o que precisávamos para o momento, e foi o que fizemos.

No entanto, após os títulos da Libertadores e do Paulistão 2022, Bianchi deixou o Palmeiras e rumou aos Estados Unidos. Vestindo as cores do Chicago Red Stars, a jogadora segue acompanhando o Verdão e afirmou torcer para a equipe palestrina devido aos anos no clube.

– Tenho algo dentro de mim a vontade de, quando vou para um clube, tentar de alguma forma me identificar com o clube, com a torcida, os valores, a cultura do local e representar de fato o clube, não simplesmente “estou jogando no clube”. Com o Palmeiras, não só pelos títulos, não só pelo Campeonato Paulista, pela Copa Paulista, pela Libertadores, que foi o título de maior expressão, mas acho que me identificar com o clube. Com o Palmeiras consegui atingir isso, consegui estar na história do clube pelas conquistas, mas acho que o que o Palmeiras agregou para mim, para a minha vida, foi algo muito especial. Hoje, tenho muita identificação com o clube, torço muito pelo time, tanto no feminino como no masculino. Então acho que, mais do que eu pude agregar para o Palmeiras, o é o que o Palmeiras agregou na minha vida.

Partida entre Palmeiras e Corinthians, válida pela final do Campeonato Brasileiro Feminino, na Neo Química Arena, em São Paulo-SP. (Foto: Fabio Menotti)

Por fim, Júlia Bianchi enviou uma mensagem ao elenco atual do Palmeiras. A jogadora afirmou que é necessário o time estar junto em todos os desafios para, assim, garantir o título da Libertadores 2023.

– O que eu diria é o que eu acho que foi o nosso diferencial no ano passado, que foi a gente se fechar como grupo. Como comentei, a gente vinha de uma derrota para o Corinthians, era o nosso maior rival, a Libertadores bateu na nossa porta e a gente respondeu de maneira positiva, que foi o momento de mudança de chave para todas nós. Um momento em que falamos que vamos lutar uma pela outra, a gente está junto nessa. Esse é o ponto principal, quando o grupo consegue se fechar, compartilhar das mesmas vontades. Foi o que a gente fez, e o que eu diria seria isso.

O Palmeiras estreia na Libertadores 2023 diante do Barcelona de Guayaquil. A partida será realizada nesta quinta-feira (5) às 17h (de Brasília).

Palmeiras hoje: Gómez renova, e Vitor Reis entra na mira do Manchester City Palmeiras hoje: Rony recusa Fluminense Palmeiras hoje: Goleada na Copinha e reapresentação do elenco profissional com reforços Palmeiras hoje: Verdão sinaliza para empréstimo de Rômulo, mas meia quer permanecer Colunistas opinam: Em que posição Paulinho entra no Palmeiras?