Entrevista

Ex-setorista do Palmeiras relembra história com 'Hulk da Série B': 'Pintei as costas dele'

Maurício Bonatti ficou famoso em 2003 por se fantasiar e dar sorte ao Verdão na campanha do acesso

Foto: Reprodução/Trivela
Foto: Reprodução/Trivela

O ano era 2003 e o Palmeiras disputava a Série B do Brasileirão. Mesmo em um dos piores momentos da história do clube, a torcida se apegava em pequenos detalhes na esperança por dias melhores. Um deles era o “Hulk do Palmeiras” – um torcedor que se pintava de verde e que virou símbolo da campanha do Verdão naquela temporada.

Com tantos momentos ao lado do time, Maurício Bonatti, o homem por trás da lenda do Hulk do Palmeiras, criou histórias que ficarão para a eternidade. Uma delas foi contada ao NOSSO PALESTRA.

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Maurício era lutador do Gigantes do Ringue e foi ator, com participações no programa “A Praça é Nossa”. No confronto diante do Sport, em Garanhuns, na partida derradeira para o retorno à elite do Brasileirão, o ilustre torcedor inicialmente não faria a viagem. Até que um piloto de avião, também palmeirense, se sensibilizou e o presenteou com uma passagem por conta da “sorte” que o personagem havia trazido ao Alviverde naquela campanha. Segundo ele, “se chegou até aqui com o Hulk, ele precisa ir”.

Já em terras nordestinas e sem hotel, o ilustre palmeirense foi alocado com Zé Gonzalez, jornalista que seria Chefe de Redação do Esporte da Globo em São Paulo por quase dez anos no futuro. Na época, o profissional da comunicação era setorista do Palmeiras pelo Lance! e estava ali justamente para cobrir a partida.

– No ano da série B, lá em 2003, criaram dois símbolos daquela campanha do Palmeiras. Uma era a bendita de uma bandeira de Nossa Senhora Aparecida, que todo jogo alguém levava para o Palestra Italia e abria. E o outro era o Hulk. Daquelas coisas malucas de futebol antigo que vão acontecendo e dando certo, aí as pessoas têm medo de mexer. Então, o Hulk ia para tudo que era jogo, seja em São Paulo, seja fora – conta o jornalista.

Maurício fantasiado como Hulk do Palmeiras

Com bom humor, Zé Gonzalez relembra que estava trabalhando quando recebeu Maurício em seu quarto de hotel. O lutador começou a se produzir para se transformar no personagem. Durante a sessão de pintura corporal, o jornalista recebeu um pedido inusitado de seu colega de quarto, mas decidiu ajudar.

– Estou lá no hotel adiantando aquelas matérias e tocou o interfone. A atendente me chama e fala que era o senhor Hulk. Aí sobe o Maurício, ainda à paisana, sobe e fica lá comigo no quarto. Ele falou que demorava um tempo para se produzir e começou a se pintar todo. Uma hora, ele disse que precisava pedir um favor, mas que estava meio sem jeito. Pensei que tomaria uma cantada do Hulk dentro do quarto do hotel (risos). Ele falou que sempre tinha alguém ajudando ele na pintura, que não conseguia pintar as próprias costas. Eu já estava ali mesmo, então ajudei. Pintei as costas dele de verde – relembra.

Após a transformação concluída, os dois partiram juntos rumo ao estádio. Já no elevador do hotel, encontraram torcedores do Sport, também hospedados ali. No estacionamento, foram abordados por um policial, que perguntou se sabiam chegar ao local do jogo. Gonzalez alertou sobre o perigo de andar com o Hulk do Palmeiras, em evidência na mídia, na época, em meio à torcida do time da casa e pediu ajuda ao policial. Acostumado a ir aos jogos a trabalho, o jornalista se viu sendo escoltado pela polícia enquanto dava carona a um ilustre personagem verde no interior do Pernambuco.

Deu tudo certo. Após o apito final, com a vitória por 2 a 1 e o acesso do Palmeiras garantido, Maurício invadiu o gramado com ajuda dos jogadores para comemorar. A polícia militar usou spray de pimenta para conter o Hulk, que logo foi socorrido.

– Essa é a minha história do dia que eu pintei as costas do Hulk. Eu acho que a gente tem que valorizar histórias de derrota, porque história de vitória todo mundo conta. Até porque eu não faço questão de esconder muito, não sou palmeirense, mas é uma das histórias “de derrota” (no sentido de má fase) que eu me orgulho, porque ela é divertida – concluiu Zé Gonzalez.

Após o título da Série B de 2003, Maurício Bonatti ainda se transformou como Hulk em algumas oportunidades no programa “A Praça é Nossa” e em aniversários de amigos palmeirenses.

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