PASSADO X PRESENTE

Admirado por Abel, Telê Santana encantou com Palmeiras há 45 anos em jogo que credenciou treinador para Seleção Brasileira

Com time jovem liderado por Jorge Mendonça, Verdão goleou Flamengo de Zico no Maracanã e garantiu vaga para semifinal do Campeonato Brasileiro

Há exatamente 45 anos, em 10 de dezembro de 1979, os jornais paulistas e cariocas destacavam a vitória do Palmeiras por 4 a 1 sobre o Flamengo em pleno Maracanã na noite anterior. A equipe do Verdão era jovem e treinada por Tele Santana, figura presente para o atual treinador Abel Ferreira, e o duelo credenciou o veterano comandante a assumir a Seleção Brasileira para dar início ao trabalho que encantou ao Mundo na Copa de 1982.

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A equipe, recheada de jogadores jovens, encantou o país. O time, que jogava ofensivamente, sempre procurando o gol, tinha um leque enorme de jogadas ensaiadas que surpreendiam os adversários.

A partida, que aconteceu na tarde de 9 de dezembro, um domingo, era válida pela última rodada da terceira fase do Campeonato Brasileiro e decidia quem iria para as semifinais da competição. Com show de Jorge Mendonça e companhia, o jovem time palestrino fez o Maracanã ‘tremer’, como definiu o Jornal dos Esportes no Rio de Janeiro, para mais de 112.047 pagantes.

Jornal ‘A Gazeta Esportiva’ de 10 de dezemrbo de 1979 (Foto: Acrevo Gazeta)

O Palmeiras era um time muito jovem, sem jogadores prontos, e tentava fortalecer uma geração após o término da Segunda Academia, liderada por Dudu e Ademir da Guia, que já não atuavam mais. Apesar de não ter a força de outrora, a equipe vinha de um vice-campeonato do Brasileirão em 1978, ao ser derrotado pelo Guarani.

O Flamengo estava amadurecendo uma geração que se tornaria a mais vitoriosa da história do clube. Zico, Júnior, Adíli, Tita, Carpegiani e Cláudio, heróis da conquista da Libertadores e Mundial de Clubes dois anos mais tarde em 1981, pouco conseguiram impedir o ímpeto do jovem Palmeiras.

QUEM TREMEU FOI O MARACANÃ

Se antes do jogo a mídia detinha desconfianças sobre a juventude palmeirense aguentaria a pressão de mais de cem mil torcedores no Maracanã, os 90 minutos mostraram o posto. Quem tremeu foi o Maracanã.  Aos 11 minutos, César arrancou pela esquerda, entrou na grande área e cruzou para Jorge Mendonça só empurrar e abrir o marcador. Silencio ensurdecedor.

No segundo tempo, o Flamengo melhorou e chegou ao gol de empate  aos nove minutos, com Zico, de pênalti. Apesar do empate, quem dominava as ações ainda era o Verdão, com a velocidade de Jorge Mendonça e Jorginho.

Aos 26, Baroninho cobrou falta rasteira e Carlos Alberto desempatou a partida. Lançado ao ataque, o Flamengo  se perdeu e viu o time palestirno crescer. O terceiro saiu aos 31, com tabelinha entre Pedrinho e Baroninho, que terminou com forte finalização de Pedrinho.

Com um a mais dentro de campo após expulsão de Beijoca, o Palmeiras ainda marcou mais um para passar a régua e encerrar a goleada. No último lance, Baroninho carregou  e cruzou para Zé Mário tocar de cabeça. 4 a 1 e vaga garantida na semifinal.

Apesar da classificação, o título de 1979 ficou com o Internacional, que eliminou justamente o Palmeiras  na semifinal, com derrota por 3 a 2 em casa, no Morumbi, e empate em 1 a 1 no Beira Rio, em Porto Alegre.

JOGO CREDENCIOU TELÊ PARA SELEÇÃO

O show de Telê Santana o colocou em pauta para assumir a Seleção Brasileira. Ao dominar o favorito Flamengo no templo do futebol brasileiro e que era treinado justamente por Cláudio Coutinho, que também acumulava o cargo de treinador da seleção, foi decisiva para o comandante assumisse o cargo de técnico da Seleção em 1980, para formar uma das maiores equipes da história do futebol na Copa da Espanha, em 1982.

O Palmeiras, por sua vez, com a saída de Telê, acabou vendo o time despencar. A base de 1979, com Gilmar; Rosemiro, Beto Fuscão, Polozzi e Pedrinho; Pires, Mococa e Jorge Mendonça; Jorginho, César (Carlos Alberto Seixas) e Baroninho, atletas medianos, mas que com Telê se tornou um time forte e que jogava um grande futebol, ruiu para 1980.

Com uma base similar, foi derrotado pelo mesmo Flamengo em 1980 por 6 a 2 no Maracanã, e, no Campeonato Paulista ficou próximo do rebaixamento no Campeonato Paulista, sendo 16º colocado em 20 participantes, os dois últimos eram rebaixados.

ABEL REVIVE TELÊ E APOSTA EM JUVENTUDE

Abel Ferreira nunca escondeu não esconde a admiração por Telê Santana, técnico marcante e ídolo principalmente do São Paulo. Em 2020, em entrevista ao SporTV, o português externou pela primeira vez a admiração ao histórico comandante.

– Eu tenho aqui em casa um livro do Telê Santana. Comprei quando estive no Brasil. Nós podemos aprender com todos os treinadores. Não só os portugueses. Eu gosto muito do Klopp que é alemão, do Guardiola que é espanhol, gosto muito do Mourinho que é português. Há grandes treinadores em todo mundo. O treinador português compartilha conhecimento. Nós não nos fechamos. Se eu guardar o que sei, nunca vou aprender mais. Então fazemos muita troca de informações e conhecimento. Dentro de campo, lutamos até a morte para vencer nossos rivais. Mas fora de campo existe um grande respeito entre nós e curiosidade de questionar o que os outros treinadores fazem que dão resultado – disse Abel.

Abel Ferreira com livro sobre trajetória de Telê Santana (Foto: Reprodução / SporTV)

Em 2023, questionado se está para o torcedor do Palmeiras como o antigo técnico está para os são-paulinos, Abel Ferreira  desconversou destacou as semelhanças na filosofia.

– Não sou eu que posso responder isso. Tenho uma série de vídeos do Telê guardados que eu quero ver. Eu gosto muito dele e me vejo nele em alguns pontos, na forma de analisar o jogo, os gramados. O que ele pensava há 30 anos, eu penso exatamente igual – disse Abel Ferreira.

As trajetórias de Abel e Telê Santana podem ter paralelos se analisadas em termos de conquistas: ambos possuem dez taças com Palmeiras e São Paulo, respectivamente, e são os maiores vencedores de seus clubes.

No Palmeiras, Abel já deixou claro querer um time jovem e, no último domingo, após a derrota para o Fluminense na última rodada do Campeonato Brasileiro, voltou a mencionar o histórico treinador para explicar a filosofia de contrações palestrinas.

– Como diria Telê Santa. ‘Eu gosto de cães magros’. Nós somos quem mais investe na base. O Palmeiras é assim – relembrou Abel, a parafrasear frase de Telê sobre a contratação de jovens que buscam afirmação no cenário do mundo do futebol.

– Queremos jogadores como Mauricio, como Aníbal, que chegam para disputar e elevar a competição. Medalhões não têm, porque é filosofia do clube. Quando cheguei aqui já era assim. O Palmeiras investe muito na base, gasta muito. O Botafogo tem uma defesa muito cara, com Alex Telles, Vitinho… É filosofia. A gente procura jogadores que nos deem rendimento e que podemos vender – acrescentou o atual comandante palmeirense.

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