Se você é nascido depois de 1990, esse texto também é pra você. Em todo 12 de junho, a comunidade palmeirense celebra seu próprio Dia da Paixão, lembrando e exaltando a histórica tarde de 1993. Vocês todos sabemos o que aconteceu, como aconteceu, cada detalhes que nossos pais e parentes e amigos menos novos contam sobre a emoção irrepetível que sentiram. Mas aí, entre nós, emular uma alegria nunca vai ser como sentir cada metro dela. A ansiedade, a tensão, a falta de sono, o frio na espinha. Nós não tivemos esse privilégio.
Nasci um ano mais tarde, meu pai se gaba até hoje de ter experimentado as dores e delícias daquele dia. Me fiz jornalista pra trabalhar com Palmeiras e já dissequei o 12 de junho, mas ele tem na minha vida um peso diferente do 02/12/15, por exemplo. Naquela tarde/noite de dezembro, eu já não dormia há algumas semanas, tive todos os medos que um torcedor pode conhecer, sinto ainda que minha voz ajudou a concretizar o apito final, o pênalti final, mais lindo que já senti. A caminhada de Fernando Prass segue me parecendo ter durado 8 semanas, como a de Evair, aos contemporâneos daquele jogo, deve ter durado 50 anos.
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Escrevo esse texto norteado por alguma inveja. Veja, não é por falta de compreensão, nem nada, mas por sentir. O suposto ‘Dia dos namorados’ tem pra todos nós um outro e maior motivo, de sonho pros menos velhos, e de epopeia, pros menos novos. Acredito lealmente que as pessoas que estavam no Morumbi, dentro ou nos arredores dele, viveram uma vida em minutos e um pênalti. Era como reajustar um equívoco da vida que perdurou 17 anos. A minha geração cresceu e logo aprendeu a vencer, a dominar, mas o setentista, o quanto dele demorou para abrir o jornal de segunda-feira com orgulho? Pelo menos essa inveja eu não tenho.
O 12 de junho é uma passagem quase bíblica. É quando o universo ajusta contas com um legião de pessoas que estava fadada a sofrer e que merecia um carinho. O frio que fazia naquele dia, e eu sei porque me contaram, não impediu que o estádio fosse tomado de assalto por um gente completamente convicta que dava pra virar o placar adverso e fazer o porquinho adversário como piada. Jogos dessa natureza fazem de homens, lendas. Evair não seria quem é se tivesse perdido o pênalti. Os 11 que foram a campo não seriam escalados de pura memória por centenas de milhares mesmo quase 30 anos depois.
Inveja, sim, senhoras e senhores, por não poder fazer minha crônica falando de como eu estava na manhã pré jogo, de como foram meus passos até o Morumbi, de não ter histórias com amigos ansiosos e cheios de superstições. De não poder relatar, emocionado sobre o teclado, as sensações quando o senhor do apito botou fim na fila, na angústia e na ansiedade. Eu queria poder ter o ingresso de 1993 na minha gaveta de preciosidades, mas meus pais preferiram esperar um aninho a mais. Tudo bem, a gente supera fazendo isso aqui: celebrando pra sempre um dia que não vimos, mas que está sempre nos nossos sonhos mais bonitos.
29 anos do Dia da Paixão Palmeirense.
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