102 gols em 31 jogos.
Há números que dizem mais do que 1996 palavras. Por isso Gino Bardelli, ao nosso lado, decidiu escrever sobre a avassaladora máquina palmeirense de Luxemburgo. Era 2014. Faria 20 anos do título de 96 em breve. O time campeão paulista daquele ano foi um ponto fora da curva. Garantia de vitória. Djalminha tinha o passe para ligar os elos. Luizão, assim, definia. Cafu corria. Muller driblava pelo alviverde inteiro. Velloso comandava a defesa que quase ninguém passou. Cléber – ali até Cléber foi goleador – a linha atacante de raça.
102 gols em 31 jogos. Há números que dizem mais do que 1996 palavras. Mas não conseguiríamos escrever quem foi nosso amigo Gino nem com todas as combinações de letras existentes. Reluzentes. Gino cantava e vibrava como poucos pelo Palmeiras. Entre nós três, o único com experiência em livros: já tinha colaborado com o oficial do centenário, ao lado dos craques Mauro Beting, Leandro Beguoci, Marcelo Mendez e Fabio Chiorino. Nosso capitão, porém, faleceu em setembro de 2015. O livro acabou não saindo. Mas o amor ficou. Pelo nosso alviverde inteiro.
Poucos transformaram a lealdade em padrão como ele.
102 gols em 31 jogos. Há números que dizem mais do que 1996 palavras. O time de 96 durou pouco e deixou sua marca na história do futebol. Gino só viveu até os 32 anos porque era muito bom para nossa arena mundo. É difícil entender a matemática quando ela nos diminui até a tristeza. Quando se perde quem a vida deu. Mesmo nós que tivemos a oportunidade de somar com gente tão boa como nosso amigo. Dói escrever no passado sobre quem sempre será presente. O tempo verbal não faz sentido.
102 gols em 31 jogos. Foi a campanha de 1996. É a campanha de 1996. Será sempre a campanha de 1996.
O Palmeiras foi. O Palmeiras é. O Palmeiras será.
Gino foi. Gino é. Gino será.
No gramado em que – com luz – você nos guarda.
A vida dele é você, Palmeiras.
E é para sempre.
*Noberto Notari foi Parceiro de Guilherme Cimatti no texto