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A distância verde que rompe oceanos, portas, catracas e filas

A distância verde que rompe oceanos, portas, catracas e filas

Vivemos uma luta de classes. Termo de Marx. Não na acepção do termo ou da própria filosofia, mas na crueldade de uma verdade que dói e que precisa ser abordada. Na terça-feira, noite de chuva e sentimentos pré-decisão aflorados, um estádio dolorido. Estranho. Você sabe quando falta algo. Não há necessariamente um erro, mas tanto a mais poderia ter de bonito, de enobrecedor.

Ticket médio acima dos cem reais. Valor que alimentaria algumas várias refeições de muita gente que também torce. De longe, dos bares, dos links clandestinos, da televisãozinha de tubo no fundo do boteco. Que se reúne com um amigo que pode oferecer a transmissão. Que pode estar na esquina da Palestra Italia com a Caraíbas, mas que também pode estar em tantos lugares que nossa visão curtinha do dia a dia é incapaz de imaginar, mas o amor imensurável por um clube faz questão de ser evidente.

Sábado, o time lutava por todos nós em Itaquera, sob olhares sanguinários enquanto seguia a vigília verde pelo mundo. O Chiqueiro Capixaba de bandeiras sob as mãos, de ombros amigos reunidos todos no Espírito Santo que obviamente teleguiou a bola de Dudu até Willian e até o gol de Borja, o nosso nove, que saiu de braços abertos rumo ao muro de lamentações alvinegras, estilo Cristo Redentor, lá da cidade do Palmeiras RJ que também celebrou em família a boa vitória.

Vitória. Um grande exemplo pro nosso momento. Sêo Antonio, torcedor do rubro negro baiano, exibiu hoje, em sua rede social, um bilhete para a felicidade que os olhos marejados dele deixavam evidente residir em um Ba-Vi. Três mil ingressos comercializados por dez reais. Três mil corações afagados, acariciados por poucos mil reais a menos. A alegria de uma vida inteira que cifrão algum é capaz de igualar. Seja aqui, seja em Toronto.

Teve família Palmeiras lá também. Contra o Corinthians. Contra nosso temor sob a arbitragem. Bandeira. Juiz. De fora, é claro, gente reunida nas ruas da cidade mineira. Ou como diria Galvão Bueno, “em São Luiz do Maranhããããããogoooool de Borja. De Sidney até Dublin, a cidade verde menos brasileira e mais Palmeiras de todas. Nas ruas, nas praças, nos cantos, de graça. De longe. Percebem que o amor reside muito além das lindas estruturas metálicas do Allianz Parque?

400 reais doem em qualquer bolso. A quantidade esgotada de ingressos pra domingo, também. Se você estará lá, honre esses incontáveis apaixonados que estarão em cada espacinho do mundo tão tensos, intensos e apaixonados quanto vocês. Cante por eles, viva por eles. O torcedor rompe o oceano, as portas, catracas e filas.

A energia de uma final é única. Vocês sentirão. Façam o que sabem. O Palmeiras fará o que sempre fez. E nós, juntos, nos vemos por aí, em mais um dia de festa. Afinal, de perto ou de longe, mais rico ou mais pobre, com mais estrelas ou menos estrelas, ninguém é mais palmeirense que ninguém!

Londres

Juiz de Fora

Toronto (Canadá)

São Luís do Maranhão

Sidney (Austrália)

Dublin (Irlanda)

Porto Velho

Fortaleza 

Belo Horizonte

Mauá – SP

Lisboa

* Contribuiu – Gabriel Amorim