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TOP, TOP, TOP! Abel Ferreira eleva o nível das alas do Palmeiras

Aos poucos, o novo treinador do Verdão encaixa o seu estilo de jogo na equipe

O lateral Viña é titular absoluto do Verdão e da Seleção Uruguaia (Foto: Cesar Greco)
O lateral Viña é titular absoluto do Verdão e da Seleção Uruguaia (Foto: Cesar Greco)

Mesmo com apenas três jogos no comando do Palmeiras, Abel Ferreira, aos poucos, coloca na equipe sua maneira de enxergar futebol. A saída em três, os passes verticais, o foco na qualidade das transições (tanto defensivas, como ofensivas) e a intensidade de jogo são algumas das características mais visíveis nas últimas partidas. Entretanto, uma ideia muito importante, ainda que menos citada, é o uso dos alas como fator de desequilíbrio ofensivo,  mesmo sem jogar com três zagueiros.

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Independente do jogador escalado na função e do lado do campo, os dois trabalhos básicos dos alas são pisar na linha lateral para abrir o campo e atacar o espaço em direção à linha de defesa adversária.  

Os mapas de calor de Viña mostram claramente a tarefa do uruguaio em alargar o campo e jogar pelo corredor (Foto: Análise Verdão)

Na primeira tarefa, a ideia de pisar na linha lateral é alargar a marcação adversária e criar espaço no meio campo para os volantes circularem a bola. No jogo contra o Vasco da  Gama, por exemplo, Felipe Melo e Zé Rafael puderam dar, respectivamente, 72 e 70 toques na  bola durante a partida, por conta dessa largura proporcionada pelos alas. 

No  caso de Menino, o jogo pelo corredor só ocorre no campo de ataque, principalmente quando a equipe joga no 4-4-2 (Foto: Análise Verdão)

Já no que diz respeito ao ataque à linha de defesa adversária, nas últimas três partidas pudemos ver uma participação muito mais efetiva desses jogadores, com uma assistência de Viña, contra o Red Bull Bragantino, e um gol de Gustavo Scarpa, contra o Ceará. Essa chegada dos laterais ao fundo permite que a área seja sempre invadida por mais atletas, principalmente os meias e atacantes, que não precisam  mais aparecer pelo lado do campo para abrir a o jogada.  

No gol de Gustavo Scarpa, a área sendo invadida por 5 jogadores além da subida do ala (Foto: Análise Verdão)

Com essas duas características muito bem definidas, Abel já pôde, mesmo em início de trabalho, utilizar variações de sistema tático (do seu predileto 3-4-2-1 para o 4-4-2 com duas linhas de quatro) e, até mesmo, utilizar meias e atacantes na função. Contra o Vasco da Gama, nos  momentos em que Gabriel Menino fazia a saída em três com os zagueiros, Rony era o responsável  por abrir o campo pelo lado direito, enquanto Viña fazia a mesma coisa pelo lado esquerdo.

Quando a equipe sai em 3, com Gabriel Menino junto dos zagueiros, Rony é o responsável pela ala (Foto: Análise Verdão)

Ao perceber que o Vasco pressionava a saída com poucos jogadores, Abel decidiu abrir mão deste modelo para colocar mais um jogador no meio/ataque e, com isso, liberou Rony de abrir o campo e transformou, novamente, Gabriel Menino em um lateral, abrindo o campo e atacando o espaço. 

Quando a  formação muda para o 4-4-2, Menino tem a mesma liberdade de Viña para chegar ao fundo (Foto: Análise Verdão)

Mas, sem dúvidas, o principal destaque dos últimos jogos nessa função foi Gustavo  Scarpa, que, improvisado como Rony, mas com a função definida independente da  circunstância do jogo, igual a Viña, se viu renascido dentro do elenco alviverde. Na partida contra o Ceará, além do gol, Scarpa foi responsável por mais de 77% das tentativas de cruzamento do Verdão (14 de 18) e, também, por dar 85 toques na bola durante o jogo, se  tornando, junto com Gustavo Gomez contra o Vasco, o líder desta estatística em um único confronto, contabilizando dados das últimas três partidas. 

O desempenho de Gustavo Scarpa contra o Ceará: sempre pelo corredor, o ala marcou um gol, deu dois passes  decisivos e criou uma grande chance na partida (Foto: Análise Verdão)

No mês de Abril, em entrevista ao canal “Quarentena da Bola”, Abel falou sobre a  importância que enxergava para os laterais/alas no futebol atual: “Os laterais têm ganho maior  preponderância, na minha opinião, porque os extremos não têm capacidade para desequilibrar e, também, porque os treinadores querem desequilíbrios de trás para a frente  para potenciar o jogo de corredores”. Coerente com seu discurso, o treinador, em pouco  tempo, conseguiu implantar o básico dessa ideia. Com laterais que chegam de trás para a  frente, já estabilizou alguns jogadores, resgatou outros e, acima de tudo, fortaleceu o jogo coletivo da equipe. 

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