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Admita: você já foi um Egídio

Admita: você já foi um Egídio

A vida, amigos, é feita de pequenas derrotas. Derrota quando estoura o saco do supermercado, quando você tropeça na calçada na frente de todo mundo ou em um assunto esquecido quando justamente seria abordado. Não importa o tempo: se foi por dez segundos, cinco minutos, uma hora ou mesmo um dia inteiro. Você certamente já foi um Egídio.

Foi Egídio quando correu para pegar o ônibus, mas não deu tempo de chegar no ponto. Quando colocou o despertador para tocar cinco minutos depois de ter tocado e, quando de fato acordou, já tinha perdido a hora. Ao começar uma dieta, ficar uma semana comendo coisas integrais e, no primeiro final de semana, encher a barriga de cerveja e chocolate (que não combinam, mas quem disse que combinar é algo preocupante nessa situação?).

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Você foi Egídio quando teve a brilhante ideia de colocar os ovos ao lado das outras compras. Na primeira curva, viraram diversas gemadas no banco de trás, em contato com as caixas de leite. Ao comer alguma coisa que não fez bem e não aguentar o enjoo. Ao lavar o carro depois. Quando esqueceu a tolha no quarto em pleno inverno. Sai pelado do banho parecendo diabo fugindo da cruz.

Agora mesmo fui, quando escrevi Egídio e o corretor arrumou para Egito.

Quando liga sem querer para alguém. Clica em qualquer botão e o celular, cruel, já chama a ex. E pior: em vídeo. Você desliga correndo e ela retorna. ‘Me ligou? Me esquece, cara’. Dorme triste, desanimado. Ou quando disca para o chefe no meio da balada. Manda mensagem para a pessoa errada. Torce para não chegar. Mas pior: chega.

Egídio é bom jogador, mas comete alguns erros imperdoáveis no futebol. Quando cruza, quando marca, quando arma. Seja lá quando for, foi ou será. ‘A bola pune’, já dizia o titio Muricy. O engraçado é que o lateral-esquerdo não cometia tantos equívocos quando ganhou tudo no Cruzeiro. Sigo acreditando, apesar dos pesares. Podem me xingar.

Mas de volta ao tema da crônica: não interessa quando, razão ou circunstância. Lamento, mas você já foi um Egídio.

Eu fui Egídio pela última vez quando escrevi sobre o Egídio no dia do aniversário do Palmeiras.

Mas você me perdoa. Afinal, quem nunca foi Egídio que atire o primeiro amendoim.