Cedo. Muito cedo para que tudo se torne comum. Ainda me lembro de como foi acordar naquela madrugada com o celular completamente descontrolado em mensagens desesperadas de amigos que alertavam sobre o que ocorria. Coração acelerou, descompassou se encontrou de cara com a tristeza absoluta de quem sabia ter presenciado um último momento.
A Chapecoense significa muito pra mim. Pra todos nós, suponho.
O dia mais feliz dos meus últimos muitos anos de vida foi compartilhado com eles, dividimos ambiente, a alegria, a compaixão pela nossa alegria e a expectativa pra deles que viria logo. Em tempo que celebrávamos sob lágrimas a nossa conquista, gritávamos em incentivo para que eles trouxessem a América do Sul para nós, para o Brasil. Foi bonito.
Hoje, moram com Deus em ótimo lugar e provavelmente se reunirão em uma mesa de amigos para ver mais um Palmeiras e Chape. O Caio Júnior deve lembrar de como o Verdão do Sul que ele comandou era melhor do que o Verdão paulista de anos atrás. O Cleber Santana, aquele carrasco por excelência, com certeza pensará nos muitos dias em que jogou um absurdo contra nós.
Ananias. Foi nosso. Foi apelido carinhoso de Barcelonista. O Danilo, meu Deus do São Marcos como pegava aquele rapaz. Sorte a nossa que ele não chegou no pênalti que o Jean bateu naquele Brasileirão tão intenso. Até o Josimar, nosso caneludo do coração, fazia uma jornada das grandes na terra do iluminados. Saudades de todos, dos muitos que jogavam, reportavam, dirigiam.
Daqui a pouco, mais uma vez.
Nos veremos em Chapecó, no mesmo estádio de tantas jornadas épicas, ainda que jovens e sonhadores. Espero que vocês se divirtam daí, a gente promete torcer daqui. Mas ainda é cedo, cedo, cedo, pra esquecer quão especial é um jogo desse.