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Amarcord: Boca Juniors 2 x 2 Palmeiras, Libertadores-01

Amarcord: Boca Juniors 2 x 2 Palmeiras, Libertadores-01

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Foi a pior arbitragem que o Palmeiras já enfrentou em 103 anos de clube. Uma das mais escandalosas de todos os tempos. O árbitro paraguaio Ubaldo Aquino ganhou o apelido definitivo depois do jogo de ida das semifinais da Libertadores-01: Rubaldo Aquino.

O Palmeiras perdera nos pênaltis a decisão da Libertadores-00 para o Boca, no Morumbi. Também uma arbitragem polêmica. O goleiro Córdoba sabia os cantos onde batiam os palmeirenses, depois de duas decisões por pênaltis em 2000. Era a primeira do clube xeneize.

Em 2001, já sem o dinheiro da Parmalat, o Palmeiras disputava a Libertadores de olho no Mundial de Clubes da Espanha, em agosto. Mas a falência da ISL, agência de marketing da Fifa, levou ao cancelamento do torneio. O time de Celso Roth focou na Libertadores. E chegou até a semifinal.

Em Buenos Aires, o placar final foi 2 x 2. Também porque um dos pênaltis menos pênaltis da história da competição foi marcado para o mandante pelo mesmo árbitro que depois não marcaria um dos pênaltis mais pênaltis de todos os tempos. No jogo de volta, no Palestra, novo empate por 2 x 2, e derrota nos pênaltis para o clube argentino, que acabaria bicampeã da Libertadores, em 2001.

O meu relato no dia seguinte, na minha coluna  no jornal AGORA S.PAULO.

“Eu não vinha dando muita bola ao Palmeiras. O próprio Celso Roth tinha suas dúvidas: “ainda falta muita coisa ao time”. Mas se alguém viu a atuação comovente dessa equipe na cancha de Buenos Aires, só vai poder dizer que faltou apenas uma arbitragem decente para o Verdão fazer história.

(R)Ubaldo Aquino roubou a cena de um grande clássico numa Bombonera que, mais uma vez, foi um doce com o Palmeiras. A turma de Alex jogou tanto que o empate, sempre um grande resultado por lá, acabou com um gosto amargo pelas circunstâncias. O Verdão fez uma partida fantástica não apenas pela tradição do clube em Libertadores, pelo número de conquistas em todos os níveis, e por ser o time que mais decisões sul-americanas seguidas disputou desde 1988.

O Palmeiras de Roth foi enorme pela tática acertada, que travou os laterais rivais, embolou o meio-campo com segurança e ousadia, cercou Riquelme até onde foi possível, e segurou atrás, com qualidade e coração, a pressão de um Boca que teve mais garganta que bola.

Alex fez 1 a 0 aos 18, em bonito lance armado por Felipe. Marcos fez um milagre quando o Palmeiras dominava o jogo até o pênalti absurdo. Alexandre mal toca em Barijho que não apenas cai como ergue o pé na barriga do zagueiro palmeirense. Seria falta dele e amarelo para o argentino. Foi gol de Schelotto cobrando o “pênalti”.

O Verdão seguiu melhor e fez 2 a 1 com Fábio Jr, em bela enfiada de Magrão. Arruabarrena empatou em grande lance de Riquelme. Até que Fernando escapou pela área e foi derrubado por Córdoba. Pênalti não marcado, e cartão por simulação para o volante… Marcos faria novo milagre no final da partida.

O Palmeiras teve tudo a favor. Mas não levou. Precisa ainda vencer num Palestra Italia onde ganhou 11 dos 11 jogos disputados contra times argentinos em torneios sul-americanos. Mesmo que, do outro lado, ainda esteja um Boca mais acertado, e com um aproveitamento como visitante melhor do que como anfitrião em 2001, o Verdão está vivo como jamais esteve nesta Libertadores.

  • Marcos foi o Marcos de sempre. É o que basta para ser o melhor de um país que tem mais goleiros de nível que craques de campo.
  • O mesmo árbitro que marcou o pênalti (sic) de Alexandre não pode ser o mesmo que não marcou o sofrido por Fernando. Ou não tem critério. Ou não tem mesmo é crédito.
  • Ele foi tão mal que, para fechar com apito de chumbo, não marcou um pênalti de Galeano em Traverso, bem no seu raio de visão – e que raio de visão.
  • Fora ouros deslizes: o volante Serna levantou Magrão e nem amarelo levou. Na sequência, belo lançamento de Arce daria contragolpe perigoso não fosse a bandeirinha armada para anotar impedimento inexistente. Alex saiu driblando na entrada da área, levou rasteira, e nada apitou Aquino.
  • “La 12” é como é conhecida a torcida do Boca Juniors. “El 12” é como o torcedor palmeirense vai se lembrar de Ubaldo Aquino.
  • O Palmeiras só não voltou com a vitória nos pés e a história aos pés por uma arbitragem típica das Libertadores pré-televisivas. Daquelas decididas por um apito armado.
  • Alexotan? O Palmeiras todo foi muito bem. Em especial aquele que os mais cricríticos afirmam que “dorme”. Só mesmo em sonho alguém pode jogar tanto roncando.