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Amarcord: Corinthians 1 x 4 Palmeiras, BR-99

Amarcord: Corinthians 1 x 4 Palmeiras, BR-99

https://youtu.be/KlMOOYXOb6o

Sessenta segundos de Derby. BR-99. 12 de setembro. Primeira fase liderada pelo Corinthians. Palmeiras campeão da Libertadores três meses antes era apenas o 18°. Craque Alex não dominou bola por dentro, o lateral corintiano Augusto chutou o chão tentando dar um bico, o volante Rogério fez gol de atacante. Palmeiras 1 x 0. O segundo gol dele no ano de 8 Derbys. Depois de eliminar o Corinthians na Libertadores e escalar reservas na final do SP-99, o time de Felipão enfrentava o rival que só tinha perdido um jogo no BR-99 e era favorito no clássico na tarde de domingo de sol no Morumbi.

Na saída de bola, Luizão cabeceou no canto e Marcos fez grande defesa para escanteio. Aos 3, duas chances seguidas para o Corinthians, e mais uma vez Marcão negando um gol certo de Edilson, de cabeça.

Aos 4, falta desnecessária de Augusto. O lateral reserva Zé Maria cruzou, Galeano improvisado na zaga raspou, e o capitão César Sampaio fez de cabeça, sem tirar o pé do chão.

2 x 0 Palmeiras. Mal deu tempo para celebrar que Marcelinho Carioca bateu da ponta esquerda e Marcos fez outra defesa sensacional. Na mesma meta e canto onde, 9 meses depois, defenderia aquele pênalti pela Libertadores-00.

Aos 9, Edilson meteu uma caneta em Júnior e bateu à direita de Marcos. Lance parecido com o que faria contra Karembeu, quatro meses depois. Na cobrança do tiro de meta, Marcos deu um bico pra frente, a surpresa na escalação Pena ganhou da zaga atrapalhada e serviu para Paulo Nunes fazer 3 a 0, aos 10.

Na saída de bola, o lateral César Prates foi ao fundo e serviu Luizão que chegou atrasado. Era a sexta chance alvinegra em menos de 10 minutos – três negadas por Marcos. Foram três chances alviverdes. 3 a 0 Palmeiras.

“Os 10 minutos iniciais mais espetaculares da história do Derby”. Foi meu comentário na Band, com narração de Oliveira Andrade e reportagem de Oswaldo Paschoal. Veja o vídeo no link acima. Mas eu quase cheguei mais atrasado que Luizão na última chance. A escala passada pra mim pela produção da TV seria comentar o Gre-Nal, no Olímpico, mas direto dos estúdios da Bandeirantes, no Morumbi. Quando cheguei na emissora, 15h35, encontro um produtor que me pergunta o porquê de eu não estar na cabine de transmissão no estádio do Morumbi para comentar o Derby.

  • Mas não sou eu. É o Orlando Duarte quem comenta.
  • Não avisaram a mudança da escala?! É você no estádio!!!

Faltava menos de meia hora pra bola rolar. Eu tinha que ir ao estádio, correr pra cabine e entrar pelos ares. Por sorte eram já 25 anos de jogos vistos no Morumbi. 14 deles guiando carro e conhecendo atalhos. 5 meses morando perto do estádio que também era perto da Band. Peguei o primeiro táxi de um amigo na porta da emissora e falei como se fosse Felipão pra Euller:

  • Voa! Morumbi! Mas vai por aqui, corta ali…

Para resumir: sentei na cadeira da cabine da Band do Morumbi, botei o fone no ouvido e fiz positivo pro Oliveira Andrade quando ele já estava no ar para gravar o compacto de uma hora para ser exibido à noite. Não deu 10 segundos e a bola rolou e eu retomando o fôlego pela corrida desde que tinha descido do táxi até a cabine… Deu 60 segundos e saiu o gol de Rogério.

Não soubesse os atalhos até o estádio, muito provável que não teria começado a transmissão. Eu teria perdido os 10 minutos iniciais mais espetaculares do Derby. E não teria visto uma das cenas mais engraçadas que já vi em transmissão quando Paulo Nunes marcou o terceiro gol. Mas essa eu não posso contar. Só digo que sobrou para o Jumelo, grande coordenador da Band, amigo querido que partiu no acidente da Chapecoense, hoje nome das cabines de transmissão da Arena Corinthians. Jumelo, o Lilácio, teve que aturar a provocação – que não foi minha – no mesmo momento em que, no gramado, Paulo Nunes fazia a coreografia da canção O PINTO, do grupo de pagode Raça Pura, patrocinado pelo desafeto Edilson.

Paulo Nunes jurou que não tinha tido essa intenção… Mas era o primeiro jogo entre os rivais desde a pancadaria generalizada depois das embaixadinhas de Edilson, na final do SP-99, menos de três meses antes. Felipão surpreendeu ao escalar Pena pela segunda vez na equipe, no lugar do artilheiro Oséas. Deu muito certo. Ele também participou no lance do golaço de Alex, que driblou o goleiro Dida e só não marcou de direita, aos 32 minutos, porque Paulo Nunes apareceu antes para empurrar pra dentro a bola que entraria.

Eficiência impressionante: seis conclusões a gol no primeiro tempo, quatro gols palmeirenses. O Corinthians finalizou 17 vezes só na primeira etapa. Mas só faria um gol de cabeça com o ex-palmeirense Luizão, aos 25 do segundo tempo. Quando a torcida vencedora gritava “olé” em casa passe trocado – e também eles foram menos que os corintianos no clássico.

Foram apenas 7 finalizações do Palmeiras – todas as certas entraram. Das absurdas 29 corintianas, 10 foram no alvo. Mas havia Marcos. Para variar.

No oitavo Derby em 1999, um empate, três derrotas e quatro vitórias. Uma Libertadores vencida depois de eliminar os rivais nos pênaltis e um Paulista perdido com reservas ou com o time de cabelo pintado de verde na decisão. Superioridade palmeirense. Para variar.

No vestiário, Felipão pediu para a torcida não ficar “iludida”, que a atuação não tinha sido tão “maravilhosa” para golear por 4 a 1. “Tivemos sorte”. Para variar.

E eu mais ainda para chegar a tempo de ver uma das maiores vitórias de todos os tempos. Depois dos 10 minutos iniciais mais espetaculares dos dois lados em 101 anos de história.