Fred não merecia perder o jogo. E ele foi à luta. Foi ao Allianz Parque lotado e encantado pela torcida que cantou sempre e vibrou quase todo o tempo com 60% de suas condições físicas. Ainda assim, Fred é melhor meia-boca que outros jogando 200% meia-bola. Mesmo perdendo o jogo e sendo eliminado nos pênaltis, Fred foi um vencedor. É o que é. Um predestinado. Um jogador. Um guerreiro. Um torcedor. Um Fred. O Flu.
O cara que aproveitou a bola cruzada da direita depois de erro de Dudu no contragolpe e fez o gol que o Fluminense merecia marcar, aos 24 do segundo tempo. O goleador bicampeão do Brasil que salvou o clube do rebaixamento em 2009 e que quase faz mais uma vez algo além da própria história aos 47 finais. Quando finalizou uma bola que ele, provavelmente, em condições ideais, teria empatado e classificado o Tricolor.
Chance, porém, que Fernando, mais uma vez, não deixou entrar. Como em Itaquera, pelo SP-15, o arqueiro alviverde defendeu em nova semifinal a hashtag #PrassFinais. Foi a terceira grande defesa de mais um daqueles jogos bem definidos pelo amigo Vitor Galvão: “O Palmeiras ainda me mata. Mas, até la, ele me faz viver”.
Foi isso. Em 3min59s fez um gol com Barrios em passe de Robinho (retorno importante ao meio-campo), e ampliou com o paraguaio em pênalti sofrido por Gabriel Jesus e muito bem marcado pela arbitragem (a falta começa fora e acaba dentro). Tudo isso com apenas 17 minutos.
O que o apito foi mal no Maracanã com Leandro Vuaden (um pênalti que eu não daria em Zé Roberto e um gol que eu não anularia de Amaral), Anderson Daronco e os assistentes acertaram muito. Inclusive anulando o que seria o terceiro gol paulista, de Dudu, aos 44 finais, em posição de impedimento. Embora o árbitro pudesse ter deixado o Tricolor bater o escanteio quando faltavam menos de 10 segundos para acabar o jogo. Regra 18 que colegas viram como erro capital.
Um escanteio…
O Palmeiras mais uma vez não soube segurar a vantagem e a bola na frente e enfrentou um Fluminense que mais uma vez ficou com a bola – mas faltou concluir mais e melhor. Bem definiu meu colega de transmissão no Fox Sports: “O Palmeiras é vertical demais; o Fluminense é horizontal demais”. É isso, Mário Sérgio, craque tricolor em 1975, e palmeirense em 1984-85. Também por isso os 180 minutos pediram os pênaltis decisivos.
Se, em momentos das últimas partidas, parecia que os dois times mereciam ser eliminados pelos erros defensivos, no frigir das bolas, acabaremos tendo uma grande decisão – com um grande favorito da hora: o Santos (resta saber se, até dezembro, na mesma condição).
Afinal, o futebol prega peças e desconstrói outras. O maior vencedor de títulos nacionais nunca será uma zebra em decisão. Ainda mais com Prass iluminado nos pênaltis. Pegou o de Scarpa que escorregou com felicidade e qualidade de goleiro que sabe pegar pênaltis. No de Gum, nem precisou acertar nada com o erro do zagueiro.
Erros que, no Allianz, nos pênaltis, o Palmeiras não cometeu. Até “golaço” marcou com Rafael Marques. Até zagueirão bateu bem com Jackson. Até os outros reservas como Cristaldo e Allione decidiram.
Veio do banco a classificação palmeirense. Ainda que nem sempre de Marcelo Oliveira venham as melhores ideias para o time.
Mas como discutir um tetra finalista de Copa do Brasil nos últimos cinco anos? Sim, ele perdeu três delas. Mas, sim, chegou até elas. Melhor que o desempenho até de alguns dos campeões desde 2011.
Merece respeito como um perdedor que merecia melhor sorte. Como Marcelo. Como Fred.
Futebol também é assim.
O perdedor do pênalti no tempo normal (Zé Roberto) acabou também vencedor com o rebote convertido por Barrios, na falha de Marlon, no segundo gol verde.
O jogo vira e muda rápido. A gente que é meio devagar para entender
(Meu texto no meu blog da época, no LANCENET!, em 2015).