As Olimpíadas de Tóquio-2020 começaram na última sexta-feira (23) com a cerimônia de abertura no Estádio Nacional e já garantiu duas medalhas ao Brasil durante o final de semana. Adiada para 2021 em decorrência da pandemia, a 32ª edição do maior evento esportivo do mundo também pode ser um período de reflexões a fim de pensarmos sobre o investimento necessário dos clubes para esportistas que fogem dos grandes centros e modalidades mais ‘’populares’’ pela torcida brasileira.
Conheça o canal do Nosso Palestra no Youtube! Clique aqui.
Siga o Nosso Palestra no Twitter e no Instagram / Ouça o NPCast!
Entre as Olímpiadas e Paraolimpíadas de Tóquio, o Palmeiras levará para o Japão apenas oito ativos na delegação, sendo sete atletas e um treinador. Além deles, um nono membro, treinador, não embarcou, uma vez que havia um limite de pessoas para viajar. Entre todos atletas e treinadores palestrinos, quatro (ou 50%) são do futebol, a única modalidade que realmente existe visibilidade dentro do clube.
O número é extremamente baixo para uma instituição que leva o nome de Sociedade Esportiva. Deveria ser até motivo de vergonha para quem se senta nas cadeiras mais altas da direção do clube. Um dos clubes mais vitoriosos do esporte brasileiro e com toda a estrutura disponível não pode apenas se contentar com o futebol.
Aqui deixo meu registro de parabéns para todo o departamento de comunicação palmeirense. Apesar de todas as limitações de informações em um país que (infelizmente) vive sob a monocultura futebolística, os profissionais desta área se esforçam para trazer ao público notícias das mais diversas áreas do esporte palestrino.
Isto posto, é um absurdo a Sociedade Esportiva estar longe do basquete, do vôlei, do futsal e de tantas outras modalidades. Também é um absurdo nas (poucas) modalidades que o clube se encontra em alto nível não ter o apoio necessário para integrar os milhões de torcedores com os atletas.
Nós, torcedores e também parte da mídia, devemos cobrar com maior intensidade esse fator e não aceitar respostas rasas, como: ‘somos um clube de futebol’ ou que ‘essas modalidades tiram o dinheiro do futebol’. Esses foram os argumentos utilizados para secar as modalidade olímpicas do clube na última década, sob mandato de um dos melhores presidentes do Palmeiras no ramo futebolístico.
E podemos, sem qualquer sensação de vergonha, usar de exemplo alguns outros grandes clubes ou rivais que dividem o espaço do campo com as quadras, ginásios e tatames Brasil à fora. Flamengo, São Paulo, Corinthians e Fortaleza disputam a NBB, elite do basquete brasileiro. O Corinthians é uma potência no futsal. O Cruzeiro é a base da Seleção Brasileira masculina de vôlei campeã da Liga das Nações. Enquanto o São Paulo tem no banco de reservas José Roberto, treinador da Seleção Brasileira feminina de vôlei.
Historicamente, tradição é o que não falta para o Palmeiras em outras modalidades. O primeiro palestrino a disputar uma edição de Olimpíadas foi o esgrimista Ferdinando Alessandri, nos Jogos de Berlim, na Alemanha, em 1936. A primeira medalha individual viria em Atlanta 1996, com bronze para Henrique Guimaraes, judoca meio-leve. No coletivo, os palestrinos já haviam ajudado o basquete ser bronze em 1960.
Embora as modalidades olímpicas tenham se estagnado no Palmeiras durante os últimos anos, a inegável história da Sociedade Esportiva fora do futebol não se apaga e não caberia em um único texto. Portanto, devemos sempre exercer nossa função como torcedores de cobrar os responsáveis por isso.
Por um Palmeiras do baquete, do vôlei, do futsal, da ginástica e de todas as outras modalidades que excedem o mundo do futebol. Que não apenas a bola na grama possa encher de orgulho a torcida que canta, vibra e torce para uma Sociedade Esportiva e não para um Futebol Clube.
LEIA MAIS: