Para não poucos, inclusive ele mesmo, deveria ter ido pra China. Mas o Palmeiras o segurou para ser o melhor no domingo contra o Cruzeiro e, ao lado de Bruno Henrique e Moisés, ser mais uma vez o cara na tranquila e merecida vitória contra o Colo-Colo no Allianz Parque de novo cheio. E com a torcida gritando "Meu Palmeiras" com a força e emoção com que ele tem jogado e se jogado pelo time que aprendeu a gostar como o palmeirense apreendeu a fazer o mesmo.
Aos 36 de um primeiro tempo administrado com inteligência, Dudu pegou a bola lá por dentro, foi passando pelos rivais como superou problemas e questões que ele também ajudou a levantar, e encheu o pé de canhota. O pé menos bom dele. Para mandar no ângulo de Orion um dos mais belos dos tantos gols dele e do Allianz Parque.
Aos 6, ele foi agarrado pelo bom ala Opazo e sofreu o pênalti bem batido pelo artilheiro Borja. Outro que muitos como eu não o queriam mais nem pintado de verde e branco no Palmeiras. Era o caso de Felipão (outro que não poucos como eu achavam que não era o caso de ter voltado agora) poupar parte da cavalaria para o duríssimo clássico no Morumbi onde o Palmeiras não sabe o que é vencer o São Paulo desde 2002. Desde os chapéus de Alex.
Mas o treinador só mexeu no time aos 30. Quando o Palmeiras já tinha criado sete das 10 chances que teria até o final de um jogo tranquilo. Contra um Colo-Colo ainda pior do que em Santiago. Também porque Valdivia mais se emocionou no Hino do Brasil (ou do Palmeiras…) do que jogou. Porque Thiago Santos colou nele e não o deixou ser o ídolo que foi no Verdão. Outro nome controverso como Dudu. Outro que até as boas línguas dizem que também chegou a essa condição pelas carências do clube.
Mas quando se vê o que reservas têm feito ao assumirem a ponta do BR-18, e pelo que os titulares refizeram contra o Colo-Colo, não só Dudu virou mais uma vez o jogo. O Palmeiras mais uma vez está sendo o que é.
Não é carência. É competência. E é preciso mesmo ter paciência.
Ainda que seja rara cada vez mais. Pela minha impaciência que talvez tivesse prejudicado a trajetória de Dudu no clube. Ele também tem em muitas irritações infantis. Erros evitáveis. Erupções de ira intoleráveis. Inconstâncias inconsequentes. Enfim, tudo que pode ser evitado. Desde que você não seja o Dudu. Ou, mais ainda: desde que você não seja o que virou Dudu: um palmeirense inconsequente, irritável, irritante, irrequieto, irresistível, apaixonante, palestrino. Enfim, um palmeirense. Como ele. Como eu. Como você. Como todos nós. Que vamos do Palmeiras ao inferno numa só frase. Ou mesmo fase.
Dudu é cada vez mais palmeirense não só por voltar a ser o grande jogador que é – ainda mais em jogos decisivos. Mas por ser aquele cara que, como todos nós, pisa na bola muitas vezes. Mas, como poucos, sabe o que fazer com ela.