Autor de dois gols e decisivo na vitória do último domingo (22), por 3 a 2, diante do Atlético/MG, no Allianz Parque, Bruno Henrique parece ter caído de vez nas graças da torcida do Palmeiras e do técnico Róger Machado. Não à toa, assim que terminou o confronto frente ao Galo, o treinador, em entrevista coletiva, revelou que o rodízio de capitães na equipe chegou ao fim, e afirmou que a braçadeira, a partir de agora, será ostentada pelo volante.
Mas tornar-se a principal liderança do time dentro de campo não foi nada fácil para Bruno Henrique.
Contratado junto ao Palermo, da Itália, por 3 milhões de euros (cerca de R$ 11 milhões), em junho do ano passado, o jogador chegou ao Palmeiras sem participar de uma pré-temporada adequada. Pior: desembarcou no Allianz Parque com a sua imagem fortemente atrelada ao passado no Corinthians.
Logo, o desentrosamento com os novos companheiros, a preparação física inadequada, um pênalti cometido justamente contra o arquirrival e outro desperdiçado na eliminação da Libertadores contra o Barcelona de Guayaquil, em casa, foram a combinação perfeita para que a torcida decretasse: "Bruno Henrique não serve para o Palmeiras!"
Com a explícita desconfiança vinda das arquibancadas, o volante virou apenas uma opção no elenco, e assim terminou a temporada. Ora como titular, ora como reserva.
Em 2018, as coisas caminhavam para seguir do mesmo jeito. A estreia do Palmeiras na Libertadores, no entanto, diante do Junior Barranquila, na Colômbia, foi um divisor de águas para o jogador. Escalado como titular pela primeira vez na temporada, Bruno Henrique pegou, literalmente, no tranco.
Aos 9 minutos do primeiro tempo, ele sofreu falta dura no meio-campo. Uma espécie de voadora no peito. A infração resultou na expulsão do adversário e abriu caminho para que o volante marcasse dois gols e o Palmeiras vencesse por 3 a 0.
A partir daí, o camisa 19 começou a justificar o investimento. Apesar de ter como principal responsabilidade a marcação, o atleta já marcou sete gols nesta temporada: dois no Campeonato Paulista, dois na Libertadores e três no Campeonato Brasileiro.
Melhor: enquanto jogador do Cortinhians, entre 2014 e 2016, Bruno Henrique jogou 124 jogos e marcou 7 gols. Pelo Palmeiras, em um ano, foram 49 partidas e 9 bolas nas redes adversárias.
DESEMPENHO DO CAMISA 19
A competição nacional, aliás, tem sido o grande trunfo de Bruno Henrique para mostrar a sua qualidade e importância. Ausente em apenas duas das 14 rodadas da competição – Internacional e Ceará -, ele é o terceiro jogador com mais atuações no Brasileirão (atrás apenas de Willian e Marcos Rocha, que estiveram em 13 compromissos. Dudu também tem 12 jogos).
Suas atuações têm ajudado o Palmeiras a ocupar a sexta colocação no campeonato, com 23 pontos e um aproveitamento de 54%. Mas essa pontuação poderia ser melhor. Considerando os jogos em que Bruno Henrique esteve em campo, a média da equipe sobe para 58%. Já com ele fora, o rendimento cai para 33%.
O volante também tem executado muito bem suas obrigações no meio-campo. Ao todo, ele tem 31 desarmes na competição. A média do Palmeiras neste fundamento é de 22,64 por jogo, sendo 18,50 certos e 4,14 errados.
Com Bruno Henrique em campo, esse aproveitamento sobe para 24,00 desarmes por jogo, o que representa um aumento de 5,99%. A quantidade de desarmes certos também cresce para 19,67 por jogo. Ou seja, uma melhora de 6,31%. Na ausência do volante, esse índice cai para 14,50 por jogo, e isso significa queda de 14,5%. Já o número de desarmes certos despenca para 11,50 por jogo. Aproveitamento 37,8% menor.
O agora capitão também tem feito evoluir o poder de fogo do Palmeiras no Campeonato Brasileiro. Ao longo das 14 rodadas, a equipe construiu uma média de 1,57 gols por jogo. Com Bruno Henrique, esse número sobe para 1,67 gols por jogo. Aumento de 6,06%. Sem o volante, Róger Machado vê esse índice cair para 1,00 gols por jogo. O que representa uma redução de 36,36% de aproveitamento.