Eu não sei quem usou menos o cérebro: o goleiro do Boca (depois de usar ao menos uma vez a cabeça numa bola em que não precisava sair – e ainda ficar fora da meta depois de três chutes até o toque por cobertura de Lucas Lima no segundo gol da grande vitória palmeirense) ou o torcedor pau-mandado ou não que botou pilha além da conta no elenco verde.
O fato é que a enorme vitória alviverde na Bombonera, aberta por um gol no fim do primeiro tempo em bela cabeçada de Keno depois de cruzamento de Marcos Rocha, foi daquelas de lavar a alma do elenco e elevar o torcedor e o time a novo patamar.
Como esse mesmo time parecia chegar depois da vitória sobre o São Paulo no Allianz Parque, e depois da vitória sobre o Corinthians em Itaquera. Grande desempenho ou enorme placar que nem sempre tiveram consistência. Mas que em Buenos Aires, depois do 2 a 0 sem contestação, pode afirmar ou reafirmar nomes.
Como Dudu. Se não foi de velho expoente, de novo mostrou o de sempre. A vontade de jogar e não deixar o rival jogar, como perseguiu o lateral Jara até a zaga verde no último lance do Boca que não criou nada no primeiro tempo, amassava nos 15 iniciais só impedidos por Jailson, até cair de vez no segundo gol paulista.
Quando Lucas Lima teve a felicidade e facilidade de fazer o gol que ele e o time tanto precisavam. O que dá confiança que não pode ser soberba. O que dá a segurança que Felipe Melo e Bruno Henrique voltaram a exibir, ajudando Antonio Carlos e Edu Dracena garantirem bom desempenho contra o Boca mais uma vez decepcionante.
Merecendo a derrota para um Palmeiras intrigante. Capaz de vitórias de alma como essa, com armas ensarilhadas e bem ensaiadas como as que tem. E ao mesmo tempo incapaz de manter padrão confiável de rendimento.
Qual é o real Palmeiras ainda não se sabe. Mas dá pra desconfiar que um time que faz o que fez na Bombonera contra o líder do Argentinão pode ainda mais. E muito mais.
E quem tem boca pode ainda mais manter o bico calado. Ou aberto só pra construir.