Entre céu e inferno, foi uma noite de Palmeiras. Poderia muito ter sido uma imensa e retumbante Parmerada, mas quiseram os entes supremos do futebol que a jornada não azedasse de vez. E não há nada nesse mundo tão alviverde quanto ir do inferno ao céu, ou quase isso, em menos de 45 minutos.
Se a casa do coisa ruim não for exatamente como os primeiro instantes deste jogo, será uma surpresa. Um sofrimento desmedido e uma absoluta falta de tudo fizeram com que o Palmeiras visse sua jornada pela América ficar definitivamente ameaçada. Em menos de meia hora, já eram dois gols sofridos, erros multiplicando-se e nenhuma perspectiva de melhora.
O caos se dirimiu em uma falha do arqueiro rival em cruzamento que acabou na testada firme de Felipe Melo. Como de comum a noite não tinha nada, o excelente Gomez fez um pênalti inominável e deu a chance do terceiro aos locais. A batida parou em Weverton, que remando sozinho, mantém a ótima forma do primeiro semestre.
Como se vencesse na loteria sem sequer ter apostado, o time de Felipão foi ao vestiário sabendo que caso as coisas não mudassem radicalmente, o pesadelo seguiria. A se destacar a já muito competente atuação de Borja e a retomada do sempre impecável Willian Bigode, todo o resto precisaria de uma nova postura. Piorar era além do impossível.
À Palmeiras, com controle emocional e físico, deteve o jogo na segunda etapa. Deu esperanças do reencontro consigo. Com passe de Borja pra Willian, um quase gol. Com o furo de Willian pro golaço de Miguel, o alívio. Duplo. Triplo. O empate fundamental. A recuperação de alguém que pode ser fundamental. Vibração muito, muita intensa. Desejo nos olhos de quem já nem tinha fé. Soava como milagre. Renascimento.
Confiante e aliviado, o time todo ressurgiu. Quase virou o jogo em algumas chances. O que seria ótimo, mas o fundamental, mesmo, veio. Os caras pareciam ter reencontrado o compasso pra respirar. A serenidade pra pensar. A consciência que não havia ali uma onda destruidora e incontrolável. Era um péssimo dia, em uma semana difícil, mas não era o fim.
“Estamos em uma semana terrível, mas temos fé em reencontrar”, disse o melhor do jogo, o valente Felipe Melo. Declaração que evidencia o tom acima que esse elenco entendeu a derrota pela Copa do Brasil. Perdeu a capacidade de autocontrole. E degringolou todo o resto. Não era preciso tanta cobrança.
Ao inferno, o não. Ao céu, cedo demais pra poder ir. É mais um dia de uma história enorme a ser vivida. Recuperando os que se abateram, dando vida aos que ficaram pra trás em algum momento. O empate é bom, mas entender quem é, onde está e em busca do que, é a grande história dessa noite maluca de taça Libertadores da América.