Desde o espetáculo de Alex em 2002. 16 anos e meio. Quase o mesmo tempo da fila de 1976 a 1993. Quando num sábado à tarde de frio em junho, como nesta inusitada tarde-noite gelada de outubro, o Palmeiras encerrou no mesmo Morumbi um jejum incômodo. Não de títulos, que eles chegaram no período. Mas sem vitórias contra o dono da casa.
São Paulo de volta ao lugar dele. Brigando por canecos. Levando mais de 56 mil pessoas ao estádio apoiando bastante o time até quando deu. Porque só acertar e meta do visitante aos 37 do segundo tempo num chute de canela de Rojas é pouco. Só obrigar o baleado Weverton a fazer uma defesa difícil aos 41 depois de um chute torto de Reinaldo é quase nada. Criar apenas três chances em 90 minutos em que o São Paulo era mais obrigado a vencer que o Palmeiras a quebrar o tabu é para irritar o tricolor como ele vaiou o time no intervalo.
Torcedor que nem teve forças para fazer o mesmo ao final de um Choque-Rei que poderia ter sido ainda pior se o sempre atrapalhado Wilton Sampaio tivesse marcado a falta que seria cartão vermelho a Sidão, aos 9, quando o goleiro evitou um gol de Deyverson depois de absurdamente se atrapalhar na reposição de bola. Como bisonhamente o São Paulo não soube criar, finalizar e jogar em quase todo o clássico.
Mais choque que rei na primeira meia hora de véspera de eleição presidencial. Mais Palmeiras na bolha de bola de 3min24s letais. Quando Dudu, aos 33, bateu escanteio mais uma vez com impressionante efeito para o irrepreensível Gómez fazer de cabeça, largado pela zaga tricolor. Num contragolpe, na sequência, Dudu (mais uma vez o melhor ao lado dos zagueiros, de Moisés e de Felipe Melo) mandou na trave a bola que Moisés recuperou, Mayke cruzou, e o Menino Maluquinho Deyverson ampliou de cabeça, aos 36.
Mais não precisaria fazer o Palmeiras depois. Ainda que fosse mais perigoso no contragolpe, quando Aguirre montou o São Paulo no 4-2-4, com Gonzalo brigando o que nem isso fez Diego Souza, Rojas em má jornada pela direita, e Everton enfim voltando, mas sem ritmo. Também porque o 4-1-4-1 verde foi inteligente e bem executado, e com Dudu de novo flutuando por dentro em um 4-3-1-2, com Moisés fazendo várias funções, e Felipe Melo soberano à frente dos zagueiros que têm sido os melhores do Palmeiras de um time B que joga como A. Se é que tem reservas esse time com 22 titulares.
Felipão conseguiu a sétima vitória com apenas 4 titulares. Mais três empates. Assim assumiu a ponta e a ampliou na rodada. 80% de aproveitamento. 85% de aproveitamento no returno. Campanha de campeão. Se vai ser, ainda depende dos rivais, também pela força do Grêmio e crescimento do Flamengo. Mas ninguém parece mais pronto que o Palmeiras. Seja qual for a escalação, a escalada rumo ao topo e ponta se mantém.