Quando o Marcão chegou ao novo memorial palmeirense, o presidente Maurício Galiote disse a ele que “tudo que a gente tem aqui se deve a você!” No que o nunca santo respondeu gargalhando: “e tudo que não está aqui eu também larguei ou deixei passar”.
Nada mais Marcos. Mais palmeirense. Como mais alviverde vai ficar quem visitar a obra espetacular.
Tão palmeirense quanto o segurança do SBT que no mesmo dia abriu os portões da emissora, logo cedinho: “madrugou, seu Mauro? Foi levar o Lucas Lima para o aeroporto?”
Nada mais corneta. Mais palestrino do que acordar ainda mais cedo em 2017 para recepcionar o Borja em Cumbica.
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Mas entre tantos troféus e craques e ídolos e amigos – e a emoção impossível de descrever por ler a frase do meu pai acima do troféu Joelmir Beting de 2014 -, fico com o momento em que o maior jogador da década não vencida de 1980 me vê e me chama para tirar foto com ele, com o presidente, e com Abel Ferreira.
Quando falo para o português que ele “seria campeão da Champions pelo Palmeiras se tivesse Jorginho Putinatti para bater escanteios com os dois pés”, como fez de 1979-87. “A gente celebrava mais escanteio do que pênalti”.
Foi quando quis ligar pro Luis Pereira. Era tarde na Espanha. Então liguei por vídeo pro amigo Júnior. Ele atendeu. E falei pro Jorginho, na frente do painel com bela foto do velho Palestra: “então… Você batia escanteio aqui e a bola vinha pro Luis Pereira fazer gol. E pro pai do Júnior também… Fala agora com o filho do Vagner Bacharel”.
E eles se conectaram pelo meu celular pela primeira vez na nossa vida que é mais Palmeiras também por causa deles.
Desnecessário e impossível explicar para quem sabe como fiquei quando se conectavam aqueles dois. E os outros milhões.
Já fiz muita coisa com, para, pelo e no Palmeiras. Mas essa ligação foi mais do que por vídeo. Foi por amor. Paixão de pai para filho. De craque para ídolo.
Galiote estava junto e ficou como eu. E as palavras que então faltaram sobraram quando o presidente disse a Jorginho que também ele, como tantos presentes e todos os atletas e treinadores ausentes que eternamente são presentes, que “todos aqueles canecos são também dele”.
Jorginho não ganhou nenhum. Mesmo sendo o melhor palmeirense nos anos sem títulos. Outros muito menos votados, dotados e esforçados ganharam mais. De canecos aos cofres. Merecem sempre respeito.
Mas o que Jorginho conquistou não se materializa. A gente sente. Não tem copa que caiba e que conte. Jorginho e os raros como ele estão em todos os troféus da sala desde a Taça Savoia de 1915. O sentimento de ser torcedor mais do que vencedor está em toda a taça erguida como brinde pelos palmeirenses celebrando 107 anos não só de títulos do campeão do século XX, do maior campeão do Brasil.
A sala de troféus é do Jorginho como é de milhões que não ganharam títulos em campo. Mas ganham todo dia o Palmeiras em nossa vida.
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