Foto: Jonathan Dutra/Ferroviária
*Por Leandro Iamin
Após duas atuações decentes nas primeiras rodadas, o Palmeiras, neste domingo, comeu poeira em Vinhedo na derrota para a Ferroviária. O 4×1 reflete sim o que foi o jogo e chamou a atenção que o alviverde não tenha mostrado quase nenhum sinal do jeito de jogar mostrado contra Corinthians e Vitória. A Ferroviária, com um trio de ataque fortíssimo (Sochor, Chu, Aline Milene) e a chegada agressiva das duas laterais (Monalisa e Barrinha) em setores nos quais que deixamos muitos buracos, passeou desde o princípio e forçou o Palmeiras a abandonar seu estilo. As atuais campeãs desautorizaram a saída de bola paciente do Palmeiras e neutralizaram as bolas longas. Faltou qualquer sinal de solução ofensiva, e antes dos 15 minutos o jogo já parecia com o destino definido.
O segundo gol do quadro de Araraquara, por exemplo, que foi lindo, de longe e de cobertura da Sochor, saiu porque Nicoly, que funcionou bem no balanço da saídade bola nos outros jogos, esteve sempre pressionada, e errou um domínio de bola – que chegou viva aos seus pés, dada a prensa das adversárias. O primeiro gol, minutos antes, foi mais assustador: troca de passes rasteiros, pelo centro da zaga, Palmeiras totalmente envolvido, um gol simples de ser evitado. Não foi. Hoje Nicoly, pela primeira vez ao lado de Angelina, não foi bem e saiu no intervalo. A dupla, aliás, em alguns momentos do jogo se mostrou redundante, e não complementar, nas funções exercidas. Angelina pareceu perdida e cometeu muitos erros técnicos. Sem harmonia no setor, só restava o balão, se livrar da bola. Em vão.
Ricardo Belli gosta de mudar o time, e isso não pode ser virtude na vitória e defeito na derrota. Ou a gente aprova a característica, ou não. A margem de erro será semelhante a de um técnico que nunca tenta nada novo. Isto posto, o Palmeiras que voltou para o segundo tempo foi de difícil compreensão. É verdade que nossa chance no jogo aconteceu entre os 20 e 30 do primeiro tempo, quando Carla, em mais uma demonstração de potência em curtos espaços, achou o 2×1, e Ottilia, após um arremesso lateral seguido de falha da zaga rival, perdeu um gol inacreditável. Ela estava livre, na linha da pequena área, sem pressão da goleira Luciana, e chutou pra fora. Basicamente, era mais fácil fazer aquele gol do que dar um passe de poucos metros. Ottilia precisa se cobrar pela falha. Depois de não empatar, claro, tomamos o 3×1. E o que Belli fez na volta?
Inverteu Isabella de lado. Virou lateral pela esquerda. Como é destra e ofensiva, claro que pendeu para o centro quando deveria explorar o lado. A entrada de Stellamarys na zaga fez com que o time oscilasse entre um sistema com 3 zagueiras e um com 4, com Agus, sem força ofensiva, na direita, e Isabella, sem eficiência defensiva, na esquerda. A Ferroviária abriu mão de marcar lá em cima, deixou a bola com as palmeirenses e se limitou a explorar, em contragolpes rápidos, os espaços que a gente fatalmente daria – e deu. A maior posse de bola não significou melhora na atuação, e os erros técnicos quando um passe mais importante tinha que ser dado persistiram. Em um escanteio, ainda tomamos o quarto gol e, com quase meia-hora de jogo pela frente, já não havia muito o que fazer ou testar – só faltava uma substituição.
É possível lamentar que tenhamos enfrentado, nas 3 primeiras rodadas, os dois times mais fortes do campeonato. No entanto, e referência é o que fizemos na rodada 1. A partir daquela atuação, melhorar, corrigir detalhes, evoluir. Neste domingo, retrocedemos. A Ferroviária, que sabe marcar em cima e sabe marcar atrás, sabe ser veloz e cadenciar o jogo, é um time muito qualificado, e causou dor de cabeça no quadro alviverde.