Vamos concordar: Borja é um sujeito peculiar. Ele contraria o ditado “ou você ama, ou odeia”. O colombiano, não. É capaz de ser adorado e detestado quase que no mesmo momento. É idolatrado depois de marcar três gols pela Libertadores, mas é questionado sempre que precisa dar mais de três toques na bola. Borja se atrapalha, tropeça, esquece, se perde. É, porém, fatal quando precisa apenas finalizar. Seja de direita, de esquerda ou de cabeça. Borja é goleador ao mesmo tempo que é, dizem os críticos, perna de pau. Nem tanto ao céu, nem tanto ao inferno.
Borja é forte, mas não é técnico. Borja é relativamente rápido, mas não dribla. Borja tem presença de área, mas falha muito fora dela. Borja sabe sobre suas limitações. Com ele sempre há um porém, um entretanto, um todavia. Há sempre um contraponto ao seu talento. Faz três gols e não comemora. Resolve o jogo e não muda o rosto, a expressão. O atacante palmeirense não explode nem quando tritura o adversário (que, no caso, foi seu time de infância). Pouco fala. Nunca muda o tom de voz, nem o jeito de jogar. Não há quem ame Borja o tempo inteiro. Nem há quem o odeie sempre. Ele é um agora, outro completamente diferente depois de cinco minutos. Nem parece ser a mesma pessoa. Soma ao time em uma jogada e some na próxima.
Não tiro a razão de quem vaia o centroavante e nem de quem aplaude, alternando os sentimentos. A situação é nítida: Borja é caso de paixão. E paixão, você sabe, é instável. Amor é outra coisa. Amor não muda de acordo com as estações, os chutes, as temperaturas, os acasos múltiplos que cercam o futebol, a natureza e o futuro. O palmeirense ama Fernando Prass.