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Dona Lija encontra Abel Ferreira e se emociona: 'Sonho realizado, adoro esse portuga'

Torcedora símbolo do Verdão esteve na Academia de Futebol e fez fotos com o treinador

(Foto: Arquivo Pessoal)
(Foto: Arquivo Pessoal)

Vocês já viram e leram sobre Dona Maria Eloíza, mais conhecida como Lija, aqui nesse mesmo espaço. Ela viralizou algumas vezes. A primeira delas, xingando a Jovem Pan por falar mal de Abel Ferreira e a segunda quando foi à despedida do elenco, que rumava ao Uruguai, na jornada que resultaria no tricampeonato da América.

Dessa vez, Dona Lija realizou um sonho antigo – conhecer Abel Ferreira. Em seu perfil no Instagram, a palmeirense mostrou a foto que tirou com o patrão.

Mas você conhece bem a história dessa torcedora tão icônica?

Em janeiro de 2021, contamos no Nosso Palestra a história dela, que tem uma vida inteira ligada ao Verdão.

Confira em detalhes:

Nos primeiros minutos de uma ligação que perdurou para além de uma hora, dona Maria, aos 81 anos, já deixou claro: “(…) eu amo o Palmeiras.” E ouse duvidar dessa mulher que mora sozinha, aliás, muito bem acompanhada de seu cachorro, o Felipão, e sua enorme coleção de porquinhos. Sua vida? O Palmeiras. Sua história? Venha conosco pra conhecer.

Maria Eloiza Moreira Lemes ganhou a internet ao ligar na rádio Jovem Pan, no pós jogo da emissora, para criticar a abordagem dos jornalistas na cobertura de São Paulo x Palmeiras, mas também contra a postura da imprensa no dia a dia com relação ao clube de coração dessa alviverde. 

Dona Maria contou ao Nosso Palestra sobre essa ligação que viralizou entre os palmeirenses nas redes sociais. 

Sincerona 

– Eu não peço desculpas daquilo que falo, se falei foi porque quis. O Abel é educado e ainda pediu desculpas (após se exaltar com a arbitragem). Mas acho que ele estava certo (ao reclamar com a arbitragem), pois ele tem que defender aquilo que faz. Só que a imprensa está engasgada em “como o Palmeiras descobriu o Abel?”. Não é da conta deles, eles não têm nada a ver se o Palmeiras pediu informações aqui ou acolá e descobriu o Abel. (O clube) foi atrás de um treinador e trouxe, está ai! Todo o dia eles sentam o pau nisso, criam especulações, estão jogando verde para colher maduro. Essa gente não vale o ar que respira! – esbravejou a torcedora.

E sua indignação com a imprensa já não é de hoje. Em uma lembrança querida com Valdivia, personagem querido e polêmico do Verdão, Dona Maria contou que adora o meia e que não achou nada justa a forma como parte dos jornalistas tratou a saída do chileno.

– Falei pra eles a respeito de jogadores também. Não gostavam do Valdívia, eu adoro o Valdívia. Gosto demais dele. Mas no dia em que ele ia embora do Palmeiras, pela última vez, o comentarista falou “poxa, o Valdívia tá indo embora, cairia como uma luva no São Paulo”. Pô, viviam falando mal, diziam que tinha a “sala do Valdívia” na Academia (o Departamento Médico), aí depois falaram que cairia como uma luva no São Paulo. Se o Valdivia saía a noite, todos ficavam sabendo quem ele beijava e tudo mais. – criticou. 

Vida de estádio

Dona Maria não liga pra idade. Sua vida é ligada ao Palmeiras de forma visceral e incontestável. Em tempos normais, estar no Allianz Parque é um hábito. Não à toa, o Palmeiras já entrevistou a ilustre torcedora e até apresentou sua coleção de porquinhos e suvenir do time do coração.

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– Eu gosto muito de ficar atrás do Gol Sul. Se eu chego em cima da hora ao Allianz e está lotado, a torcida abre espaço e eu fico ali, adoro. Amo o Palmeiras. – Quando meu filho ficou maiorzinho, ele era palmeirense e ia ao estádio. Eu ouvia os jogos no rádio, ficava doente quando o Palmeiras perdia, porque está no sangue, né? – contou.

Dona Maria pausou o papo e quis contar como foi sua primeira ida ao antigo Palestra e trouxe uma das mais bonitas histórias dessa entrevista. 

– Quando meu filho ia casar, ele estava de mudança para o Rio Grande do Sul e quis assistir a um jogo no estádio antes de se mudar. Minha filha disse para eu ir junto com ele, era o começo da passagem do Luxemburgo no Palmeiras, aquele timaço, com o Mundinho (Edmundo), e acabei indo com meu filho. Fui livre, leve e solta. Chegamos ao antigo Palestra, ficamos bem ali na arquibancada, no parapeito, e o Edmundo fez um gol. Nossa, pra mim aquilo valeu muito. Só que ele havia batido a cabeça no lance e fiquei com medo de ele ser substituído, então fiquei gritando “Mundinho, eu quero mais um!” e, logo em seguida, ele fez outro gol. Aí eu desabei e o Palmeiras acabou fazendo seis gols. Nossa, cheguei em casa feliz da vida! Então, minha filha disse que eu tinha que ir mais ao estádio e passei a ir com meus sobrinhos. 

O jogo em questão era Palmeiras 6 x 1 Rio Branco-SP. Edmundo, de fato, marcou aos 33’ e aos 35’ do primeiro tempo.

E quando Maria Eloiza fala sobre seu amor pelo Palmeiras, não é exagero. Ela tem relação com o clube até no nome de seus cães, além de defender veemente alguns nomes polêmicos da história do clube.

– Eu adoro o Felipão. Tenho um pastor alemão e adivinha o nome dele? Felipão. Eu já tive um outro também chamado Edmundo, chamava ele de Mundinho. Gosto do Valdívia. Quanto mais polêmica acontece com um jogador, é atrás desse que vou. Adoro o Felipe Melo! Quando completei 81 anos, minha filha fez uma festa surpresa para mim e, bem atrás do meu bolo, tinha uma foto enorme do Felipe Melo, eu dei muita risada porque gosto dele, gosto de gente assim. Não gosto dos jogadores moles, gosto de gente que não engole seco. 

Maria e sua coleção de mais de mil porquinhos (Foto: Reprodução/TV Palmeiras)

Por fim, Dona Maria contou sua história mais incomum. E tudo aconteceu em meio à ditadura militar. Com sues filhos, em sua casa, ela teve um dos piores momentos da vida protagonizado por Fleury, delegado e um dos nomes mais repugnantes do período.

– Era na época da ditadura, acho que 5 de julho de 1971. Falei para a minha vizinha: “Marisa, vai sair tiro”, porque ele (Fleury) tinha uma metralhadora, mas eu demorei a perceber porque eu não sabia quem era ele, e ele não estava numa viatura, era um Fusquinha normal. Então ela correu para a minha garagem e se escondeu no vão da escada que ia para o sobrado; eu, como já estava na escada, coloquei as crianças no terceiro degrau e meu pé ficou no primeiro. Quando pisei no primeiro degrau, a bala entrou na minha pele e se alojou na parede. Abaixei a cabeça para ver a minha perna e, nesse instante, uma bala atingiu a parede atrás de mim. Eu só não morri porque não era meu dia. Após o susto, alguns rapazes do açougue da minha rua me socorreram e fui levada ao hospital, graças a Deus fiquei recuperada. – detalhou, ainda assustada. 

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