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É de sonho e de pó

É de sonho e de pó

(Ilustração Daniel Resende)

Aprendi com o velho a cantar que “o destino de um só, feito eu perdido em pensamento sobre o meu cavalo” era um clássico, era uma oração pelas raizes de uma época de que não vivi. Significava sobre de onde eu vim, por quem eu vim e para que estávamos todos aqui. Foi uma lição sobre respeitar o passado, valorizar quem pisou nas terras por onde passarei.

O velho é uma questão meramente formal sobre a quantos sóis e luas uma pessoa está na lida. Conceitos vãos e pouco relevantes para a compreensão de qualidade que se pode imprimir em alguma tarefa. A qualidade importa. Só ela. Sérgio Reis ainda fascina boa parte das famílias pelo país. Bem além dos seus setenta e poucos anos.

Quando do retorno, as mesmas crises existenciais sobre valer ou não valer a pena. Na primeira coletiva, a mim e a meio mundo de verdinhos, uma lágrima veio como soneto. É bom se sentir sob um abraço. Aquele, aquele mesmo que nosso sete ganha em todo intento. Quem não quer conviver naquele momento, né? São os hábitos de quem, como o sertanejo, tem fincadas as ações nas querências do coração.

Pros irmãos do país vizinho do Rio Grande, esse termo é como casa, como o chão batido pra onde voltar. Para o velho, é onde importa estar, onde existe sentido em ir. Longe de casa há mais de uma década e isso não é uma semana, nosso coração abriga uma dessas casas que a vida proporciona ter, um subterfúgio carinhoso pra combater a saudade daquele cheirinho de chimarrão que a velha faz.

Brigando com a distância, ganhando duelos. Ganhando as pessoas. Mostrando que as coisas podem se construir com base nos sonhos de conquista e ser família, no pó de resistir sete vidas, se for preciso, e continuar. Reinventar-se é a qualidade mais assombrosa de um espírito empírico nesse corpo menos jovem.

Velho é como eu me refiro ao meu pai. E por ser pai, eu chamo Luís Felipe desse mesmo modo. Parabéns, Felipão. Seus setenta são uma Bíblia do ser humano que vence e que deixa afeto por onde passa. Parabéns. Por ser tão nosso, tão Palmeiras, tão raiz, tão querido com essa querência verde que te quer tanto.