Matão, domingo pela manhã. 1999. Beto Zini preside o Guarani. Pede na nossa cabine de TV para chamar o estreante zagueiro do seu time que enfrenta a Matonense de Eduardo Luís. E não "Edu Dracena" como foi passado na escalação. "Edu Dracena não é nome de zagueiro". Não?
Pergunte ao torcedor bugrino. Ao do Olympiacos. Do Cruzeiro da tríplice coroa de 2003. Do Fenerbahçe. Do multicampeão Santos de Neymar. Do Corinthians campeão de 2015. Do Palmeiras campeão de 2016. De novo campeão de 2018. Com o seu primeiro gol depois de 107 jogos marcado contra o Santos. Na meta à frente da viúva de Vagner Bacharel. Ela voltou ao estádio pela primeira vez desde a partida do marido, em 1990.
Um gol de cabeça como Bacharel. Um gol de Edu Dracena que jogou muito. Ganhou os títulos que Bacharel não conseguiu pelo Palmeiras. Talvez não tenha em verde a mesma idolatria. Como Bacharel merece muito mais do muito que já tem.
A vida é assim. Nem sempre justa. Mas estas linhas ainda são poucas pra fazer justiça pelo zagueiro que é Edu de Dracena para o mundo da bola. Como foi Bacharel. Meus ídolos não só pelo que nos defenderam. Mas pelo caráter com que defenderam sua profissão como a nossa zaga.
O Eduardo Luís que bateu o pé tão firme como a bola que zagueirou não só emplacou o nome que queria. Ganhou quase tudo zagueirando e honrando o nome dele e da cidade onde cresceu.
E como cresceu.
A ponto de ser respeitosa referência e ter a reverência de todos os clubes em que jogou. Mesmo rivais diretos.
Edu não sai de cena porque não gosto de rima. Edu Dracena porque adoro quem nos defende por baixo e por cima.
Eduardo Luís, se eu soubesse que você seria tudo isso há 20 anos, naquela transmissão pela Band, eu já teria te chamado pelo nome de guerra e de garra, de raça e de classe.
Como eu não sabia, só quero dizer que foi uma honra trabalhar nos seus jogos. Uma alegria gritar campeão com você.
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