Endrick vive um momento de glória no futebol. Aos 17 anos, o atacante do Palmeiras tem sua ida ao Real Madrid garantida e já marcou seu primeiro gol com a camisa da Seleção Brasileira. A vida do jovem, no entanto, nem sempre foi assim. Em texto publicado no “The Players Tribune”, o jogador detalhou um pouco da infância difícil que teve ao lado dos pais.
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Endrick marca seu primeiro gol com a camisa da Seleção Brasileira
O camisa 9 chegou ao Palmeiras com 11 anos e, quatro anos depois, foi promovido ao profissional após se destacar nas categorias de base. Neste período, mesmo já vestindo as cores do Verdão, o jovem não teve a vida fácil. Seu pai, ainda em Brasília, mandava o pouco de dinheiro que conseguia para sustentá-lo, enquanto morava com a mãe.
– Ela (mãe de Endrick) deixou sua vida para trás para apoiar meu sonho em São Paulo. O clube só tinha espaço para mim, mas ela disse que não tinha como eu ir sem ela. O pai ficou em Brasilia, trabalhando para mandar dinheiro para a gente, enquanto ela foi morar comigo em uma casinha junto com alguns dos meus companheiros. Todos debaixo do mesmo teto. Mas quando a gente ia treinar, a mãe não tinha com quem conversar – escreveu Endrick.
– Lembro que teve momentos em que eu estava meio com fome, pouco antes de dormir, sabe? Tipo, eu podia comer. Então, eu perguntava pra mãe se tinha alguma coisa e ela dizia: “Vai dormir, Endrick, que a fome passa”. Outras vezes, quando a gente estava desesperado por dinheiro, a mãe conseguia pedir emprestado arroz ou mesmo algum trocado. Mas um dia, irmão… ela não tinha mais para quem pedir. Estava sem dinheiro e sem ter a quem recorrer – completou.
Tempos depois, Douglas, pai de Endrick, conseguiu um emprego de faxineiro no Palmeiras, o que possibilitou a vinda dele para São Paulo. O pai do jogador, por problemas de saúde, havia perdido alguns dos dentes e, por isso, só se alimentava de sopa. Certo dia, o ex-goleiro Jailson, junto de alguns companheiros de equipe, mudou a vida de Douglas.
– Certo dia, o goleiro Jailson percebeu que o pai estava ficando cada vez mais magro. No refeitório, a equipe de limpeza e o pessoal comiam com os jogadores, e ele viu que o pai estava apenas tomando sopa. Então o Jailson saiu fazendo uma vaquinha com todos os jogadores e eles surpreenderam o papai com dinheiro para ele consertar os dentes. Deus trabalha de maneiras incríveis, irmão. O pai costumava falar: “Meu sonho é morder uma maçã”. Hoje, graças a Deus, ele pode morder a comida que quiser – disse.
Endrick conta ainda que, antes de seu nascimento, seu pai também tentou ser jogador de futebol. Em uma decisão arriscada, Douglas saiu de Brasília até São Paulo, a pé e pegando caronas, para fazer peneiras em clubes. Uma das tentativas foi no Palmeiras, quando ele precisou até dormir nas bilheterias do Parque Antártica.
– O futebol também era uma saída para o nosso pai. Quando ele tinha 15 anos, ele saiu de casa e foi andando pela estrada de Brasília a São Paulo. Andando! Durante boa parte do caminho… é muito longe, irmão. E ele nem contou pra mãe dele! Nessa viagem, ele carregou a vida inteira nas costas: um par de chuteiras, duas garrafas de dois litros, uma com água, outra com água misturada com Tang, e alguns pães. O plano dele era fazer testes em todos os clubes da cidade. Isso demorou uma semana inteira, ele andava e pegava carona na estrada – falou.
– Teve outra noite em que estava chovendo, e o pai não tinha para onde ir, então, ele foi andando até o estádio do Palmeiras e dormiu embaixo do teto da bilheteria. Ele não conseguiu realizar seu sonho, mas deu tudo de si – acrescentou.
Em julho, quando completa 18 anos, Endrick se transfere para o Real Madrid – sonho de infância do jogador. Na Espanha, o jovem vai encontrar ídolos no futebol que, até então, so os via pelo videogame.
– Dentro de alguns meses partirei para a Espanha e você vem comigo. Real Madrid…. esse era o meu terceiro objetivo e foi o único que nunca ousei escrever. Quando era pequeno, eu não tinha celular ou qualquer coisa, então eu costumava pegar emprestado o computador da mamãe e assistir aos melhores momentos dos jogos do Real Madrid, desde os sete ou oito anos. Eu sei que você é muito jovem para lembrar desses nomes, mas eu estava obcecado com aquela equipe de 2013-14 com Cristiano, Modrić e Benzema. Essa foi minha porta de entrada na história do clube – afirmou.
A meta de Endrick antes de se transferir ao Real Madrid é vencer o Paulistão, último título que pode conquistar pelo Palmeiras.
– A meta número cinco é que o resto desta temporada com o Palmeiras termine bem, com o nosso time vencendo o Paulistão mais uma vez – concluiu.
Com Endrick, o Palmeiras enfrenta o Novorizontino na próxima quinta-feira (28), às 21h35 (de Brasília), no Allianz Parque. No duelo, o Verdão vai em busca de sua quinta final consecutiva do estadual.