Queridos idiotas da objetividade, o papo de hoje é com vocês. Não se ofendam se um ou outro termo soar bruto demais, afinal, temos licença jornalística para falar de poesia. Não é por puro acaso que Nelson Rodrigues, o maior cronista que o país teve o prazer de ler, dizia que a pior forma de solidão era companhia de um paulista. Eu, humildemente e em reverência, acrescento: a pior parte do mau humor é um pós-jogo sem vitória.
Entendo a necessidade sexual de vencer, vencer, vencer. Vocês deveriam lembrar que antes dessa modernidade cínica, existia uma capacidade de entendermos que “na vida, o importante é fracassar”. Sim, por mais cego que estejamos todos, errar é um afago da vida bem na nossa cara amarrada e obstinada no objetivo. Idiotas, idiotas. Porque chegamos a esse ponto em que só a arte pode ser sútil o suficiente para causar o susto que desperta.
Geneton Moraes Neto conta em relato que Nelson deixou um legado para esses dias em que a gente levanta da cama com uma má vontade encantadora. “Pouco interessava a distribuição de beques ou atacantes no retângulo verde”. O relato dessas banalidades é tarefa que cabe aos “idiotas da objetividade” – estes pobres seres que só são capazes de enxergar a rala superfície dos fatos.”
O palmeirense SOMOS um chato, velho e rabugento. E isso é uma satisfação, uma pulseira de ouro velha que ganhamos como herança do pai, do vovô. Tudo bem. A questão é que essa idiossincrasia não pode ser confundida com uma prática de todo dia. O aspecto filosófico do ser torcedor tem de estar apenas no ato de torcer e discutir num boteco. Levá-lo a uma potência exagerada é burrice.
Evidente que essa particularidade de particular não tem nada. É um mau moderno e que precisa ser poetizado para ser descartado. Bom humor e complacência em maus momentos são maneiras de relativizar a rabugice de todo dia.
Se um time desempenha um ótimo papel por uma longa fase, ótimo. Se ele falhar em um degrau, ele não perdeu o espaço percorrido e não é motivo para tamanha DR. Ouçam, como voz que agrada aos ouvidos e diferente de Nelson Rodrigues que detestava a dele: “Tá tudo bem, tá tudo certo, domingo tem mais!”