Talvez ainda seja. O bom senso diz que é, afinal, há uma distância enorme até a primeira posição da tabela e quem lá está, não demonstra o mínimo desejo de sair. Até quando as coisas não vão bem, o aspecto de campeão resolve a parada. E o aspecto da derrota parecia doutrinar a missão alviverde desta noite. Era o último colocado, era dentro do próprio terreno. Era uma noite de adeus.
Definitivo, ainda não fosse matemático. Sintomático, na mais leve das hipóteses.
Era um adeus pobre de futebol, raso de ideias, sangue morno, bancadas vazias de corações e lotadas de silêncio e cifrões. Abandonado à própria ganância, o comando do Palmeiras o fez solitário. O comando bola y campo parecia acomodado com a sofrível atuação de uma primeira etapa cuja emoção foi o gol de outra peleja. O camisa nove era o retrato da desgraça. Nada acetava, nada fazia. A Sociedade Esportiva Dudu vivia uma noite de glória.
Que timaço seríamos se ele fosse multiplicável. Exala Palmeiras pelas veias e briga. E joga. E joga. E joga. E joga. E briga. E joga. E nunca deixa de tentar. Nunca para de lutar. Fica puto da vida quando não funciona. Comemora pra cacete quando acerta. E foi nesse abafa, nesse oásis de um homenzinharão que o Palmeiras sobreviveu até os 55 minutos do segundo tempo para consertar uma noite trágica.
Chapecoense, que com 11 em campo já é terrivelmente frágil, jogava com 10. Os de verde, nesta altura, já haviam perdido mais gols do que havia de torcedores nas arquibancadas. Era um festival. Bruno Henrique tentava, William buscava. Veiga insistia, mas foi dos pés de um Felipe Melo incansável e muito, mas muito dedicado, que a bola encontraria o santificado gol sul do estádio alviverde.
Dudu recebeu a última bola do jogo, sua 19127 jogada e foi nela que ele driblou quando ninguém driblaria e nela que achou o passe sem querer que ninguém acharia. Ele merecia. Alguns poucos mereciam. Wéverton merecia pela atuação de uma defesa só, mas que defesa, a torcida merecia pelo imenso desespero que passou. Mas nem todos mereciam, não.
O Palmeiras vence. E só. Não diz adeus, não se aproxima, não dá mostras positivas, não evolui em futebol. Só nos lembra que existe um Eduardo sempre pronto para bater no peito e falar o quanto ele, e essa camisa, são grandes.
Mesmo que fosse um adeus.