O Brasil celebrava (ou não) um ano do Golpe Militar de 1964. O Palmeiras celebrava um ano da chegada de Dudu de Araraquara, o sexto busto palmeirense nas alamedas do clube. O célebre parceiro por 12 anos do Divino Ademir da Guia (o Pelé do Palmeiras. Ou melhor: o Rei é o Ademir da Guia do Santos).
Mas o 31 de março de 1965, pela sexta rodada do Rio-São Paulo, é mais histórico ainda pelo que aconteceu no Pacaembu. E ao mesmo tempo em Buenos Aires. O que também explica a goleada histórica palmeirense naquela noite.
Por causa do calendário já absurdo no Brasil, e pelas numerosas excursões do time de Pelé, o Santos jogou a partida de volta da semifinal da Libertadores de 1965 contra o Peñarol no mesmo dia e horário de jogo válido pelo Rio-São Paulo. A ida foi um fenomenal 5 x 4 santista, no mesmo Pacaembu. Na volta, o Peñarol devolveu em Montevidéu com um 3 x 2, três dias antes. No terceiro jogo, no campo neutro do Monumental do River Plate, a equipe do futuro palmeirense Hector Silva venceu por 2 x 1, e se classificou para a final que perderia para o Independiente.
Na mesma noite em que o timaço titular alvinegro perdeu na Argentina, o time reserva santista levou mais sete da Academia. 7 a 1 Palmeiras em 90 minutos brilhantes no Pacaembu. Saldo da noite do Santos: 2 x 9.
Mas havia bons jogadores no rival. O jovem zagueiro Joel Camargo seria campeão mundial pelo Brasil em 1970. Peixinho já tinha sua história como ponta-direita. Mas, mesmo se fosse a desgastada equipe titular santista, aquele Palmeiras acadêmico faria seu jogo. Brilhante como mais uma goleada no torneio.
Não perca a contagem: aos 8, Rinaldo cruzou e Servílio fez de cabeça, como sempre fazia muito bem. Aos 10, Rinaldo recebeu de Tupãzinho na tabelinha e rolou para Servílio fuzilar. O terceiro sairia aos 28. Mais uma bela tabela entre Ademir, Tupã e Rinaldo. O ponta pernambucano lançou Tupãzinho para fazer o gol na cara de Silas.
Era um time que jogava fácil e bonito. No último minuto da primeira etapa, nova troca de bolas deu no quarto gol. Ademir e Tupã armaram a tabelinha por dentro até servirem Rinaldo. Pela esquerda ele cruzou e o rompedpr goleador Ademar Pantera (que substituíra Servílio, obrigando o recuo de Tupã) finalizou.
Virou quatro. Mas não acabou oito porque o Santos se arrumou um pouco depois do intervalo. Ou o Palmeiras tirou olímpicos pouco o pé privilegiado.
O 4-2-4 rival foi trocado pelo 4-3-3. Rossi foi recuado para tentar conter Ademir. Pardal entrou no lugar do lateral Quito para brindar Rinaldo, um dos melhores camisas 11 da história alviverde. Chute forte para faltas e pênaltis, cruzava e driblava bem, e ainda sani armar o jogo.
Mesmo com as mexidas, o jogo seguiu o mesmo. 5 a 0 aos 5 minutos. Dudu invadiu a área e tocou para Rinaldo ser derrubado por Modesto. Ele mesmo bateu forte e fez. O 11 santista diminuiu. Aos 11, Noriva recebeu de Gilberto e marcou.
Ademar Pantera não quis saber. Bateu forte como chutava assim até da pequena área e fez 6 a 1 aos 15. E aos 40 faria o mesmo dentro da área. 7 a 1.
Ainda teve pênalti claro não marcado em Gilson. Poderia ter sido o oitavo. Que também poderia ter saído na bola na trave de Rinaldo.
Placar final. 7 x 1 Palmeiras. Não era só pelos reservas santistas. Era pelo bolão que batia a Academia palmeirense.
PALMEIRAS 7 X 1 SANTOS
Torneio Rio-São Paulo/Turno de Classificação
Quarta-feira, 31/março (noite)
Estádio: Pacaembu
Juiz: Anacleto Pietrobon
Renda: Cr$ 8 136 700
Público: não disponível
PALMEIRAS: Valdir (Sílvio); Djalma Santos, Djalma Dias, Valdemar Carabina e Geraldo Scotto; Dudu (Júlio Amaral) e Ademir da Guia; Gildo, Servílio (Ademar Pantera), Tupãzinho (Mazinho) e Rinaldo
Técnico: Filpo Núñez
Gols: Servílio 8, Servílio 10, Tupãzinho 28 e Ademar Pantera 44 do 1º; Rinaldo (pênalti) 5, Noriva 11, Ademar Pantera 15 e Ademar Pantera 40 do 2º