“Palmeiras começa bem” foi a manchete da Folha de S.Paulo em 6 de março de 1967. No domingo, dia 5, o Verdão de Aymoré Moreira estreou no Torneio Roberto Gomes Pedrosa, no Maracanã. O primeiro da história. O primeiro dos dois que ganhamos em quatro disputados. Em todos eles o Palmeiras foi finalista do quadrangular final. Do campeonato onde atuaram os atletas tricampeões mundiais pelo Brasil. Um dos torneios mais técnicos e competitivos da história.
Como foi o Palmeiras, campeão paulista de 1966, na estreia no Robertão, o pai do Brasileiro como se vê desde 1971. O antigo Rio-São Paulo ampliado com clubes do Rio Grande do Sul, Paraná e Minas Gerais. O primeiro dos dois títulos nacionais conquistados pelo Palmeiras em 1967. Exceto Djalma Santos, que não jogou na lateral por estar gripado e permaneceu no Hotel Novo Mundo, o Palmeiras foi o mesmo time-base do final de 1966. Com César no lugar de Ademar Pantera no comando de ataque.
Os gols do clássico, pelo CANAL 100
Nos primeiros 20 minutos, o Flu chegou quatro vezes com perigo. Valdir, em sua penúltima temporada na meta que defendia desde 1959, fez pelo menos duas grandes defesas. O Palmeiras teve duas boas chances. Até que Ademir da Guia resolveu manejar os tempos e o campo. Ele o volante Zequinha apareceram várias vezes na área carioca, nos espaços abertos pelo artilheiro César (futuro Maluco, em sua primeira partida oficial pelo clube) e o ponta-de-lança Servílio. Todos jogaram Copas. Menos Servílio, melhor jogador da Seleção um mês antes de ser cortado inexplicavelmente em 1966.
Servílio armou o lance do primeiro gol, aos 31. Lançou longo para Ademir ajeitar com inteligência para o ponta Rinaldo fuzilar Jorge Vitório, que tentava fechar a meta da desarranjada zaga tricolor.
Aberta a porteira. Em nove minutos, 3 a 0 Palmeiras. Aos 38, o ponta Gildo cortou por dentro e serviu César, que bateu de direita e fez 2 a 0. O primeiro gol do maior artilheiro da Era Palmeiras.
Dois minutos depois, o zagueiro Caxias tentou driblar Ademir da Guia dentro da área… A blasfêmia resultou no terceiro gol. O Divino o desarmou e ainda desarrumou o goleiro tricolor com lindo toque de cobertura.
O Flu diminuiu aos 42. Bela cobrança de falta de Amoroso (tio do atacante da Seleção nos anos 90-00). No segundo tempo, o Tricolor chuveirou tudo que não podia na área de Valdir. Aos 15, Mário aproveitou bom lançamento de Samarone e bateu sem chance para Valdir. O Flu voltava ao jogo. O Palmeiras recuara demais. Complicara mais uma vez um jogo fácil, como vinha acontecendo naquele início de temporada.
Mas o futuro campeão acharia o quarto gol aos 31. Rinaldo caiu por dentro como gostava e cavou falta em contato com Roberto Pinto. O próprio ponta bateu forte, rasteiro, no meio da barreira que abriu. O bom goleiro Jorge Vitório aceitou. 4 a 2.
Ademir foi o craque do jogo. Valdir, Rinaldo, César e Servílio também fizeram boa partida inaugural.
Tupãzinho foi reserva no ataque. Contrato terminava no final do mês. Seria renovado para brilhar em 1968.
Aymoré gostou da atuação. Servílio disse que agora o time marcou os gols que criava mas não fazia nos jogos decepcionantes no início de 1967. O novo treinador substituíra Mário Travaglini no comando da equipe campeã paulista. O Palmeiras perdeu os dois primeiros jogos de 1967 em Minas. Julinho Botelho se aposentou em fevereiro. Na excursão ao Peru, um empate e uma derrota, na estreia do jovem atacante César, que veio do Flamengo. Ele estreou como titular no jogo seguinte, na derrota por 2 a 0 para o River Plate, em Buenos Aires.
Para o tricolor Nelson Rodrigues, em “O Globo”, o time dele “nem ao menos teve o desespero que dramatizaria a humilhação”.
O maior time da história do Robertão começava como Palmeiras. Vencendo bonito na casa do adversário que tinha o bicampeão mundial Altair e o volante titular da Copa de 1966 – Denilson. Além de nosso futuro ponta Lula. Derrrotados pelo Palmeiras que escalou oito jogadores com passagem pela Seleção.