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Eu liricamente, os votos de boas vindas ao Lucas Lima

Eu liricamente, os votos de boas vindas ao Lucas Lima

Álvaro de Campos, Alberto Caeiro, Ricardo Reis. Heterônimos de Fernando Pessoa. Na literatura brasileira, isso significa que o autor possuía personalidades distintas e com vidas biografias próprias, filosofias ímpares e “vidas” independentes. Uma forma poética de falar sobre inúmeros assuntos com abordagens variadas. Abrir horizontes era a ideia.

Meu nome é João, um palmeirense de 23 anos que detesta Lucas Lima. Esportivamente, é claro. Ele foi o pivô das provocações que mais encheram o meu saco nos últimos anos, era um inferno dentro de campo, tirou das nossas mãos o primeiro título que viria nessa nova era. Era o cara do meu rival.

“Heteronimamente”, é hora de enxergar o outro lado dessa história.

José é santista. Campeão paulista 2015 e 2016 e vice da Copa do Brasil. Sabe que o time depende do talentoso camisa 20. Canhoto, provocador, habilidoso, capaz de encontrar passes profundos, lançamentos gersônicos e de anotar bonitos gols. Um diferencial meia armador anos antigos.

José sabe que Lucas jogou na Seleção Brasileira por méritos, porque arrebentou com a camisa alvinegra. Vivia momentos de pura magia. Poderia ter ido pra Europa tranquilamente, mas o presidente do clube dele não deixou. Poderia ter ido pra milhões de clubes ao redor do mundo, mas não quis, o sonho era o velho continente.

José sabe que o resto do Brasil desdenha de Lucas Lima e seu mau momento vivido em 2017, mas sabe que isso tem muita cara de fase, das circunstâncias que envolveram seu nome em transferências, pré contratos, cobranças e um certo desânimo em seguir naquele ambiente conturbado. Sabe que existe ali uma possibilidade enorme de ser o mesmo zape de trucos atrás.

José finge não sentir, mas sabe que perdeu. Não recebeu nada em troca e deu o troco inteiro pra quem lhe pagou com vices e mais vices. Pagou com traição a quem sempre lhe deu a mão (?)

Lucas Lima vestirá verde em 2018. Você cantará o nome dele. Eu sei que pode ser um pouco esquisito, mas a poesia ensina desde séculos passados. Pense aí com seus heterônimos.

Vai fazer sentido.

Seja bem-vindo.