O meu amigo Guigui é goleiro. Tem 5 anos. Estava no Allianz Parque vendo a decisão por pênaltis usando as luvas de goleiro com que ele brinca jogando sério de goleiro. Com o mesmo amor que ele devota aos santos dos pênaltis da nossa Academia. Com a mesma seriedade pelo Palmeiras que nunca é brincadeira. Para o Guigui e todas as crianças de todas as idades que são Palmeiras desde quando nascem e morrem crianças.
Não exijo que os adultos que vestem as camisas e chuteiras e luvas sejam como Prass nos pênaltis (que chegou ao clube quando Guigui ainda estava na barriga da mãe). Mas que tentem nos defender com a mesma seriedade e humildade dele. Aguentando banco quando não é escolhido, suportando o tranco quando vai a campo, nos defendendo mais do que atacando os outros quando o time não vai.
Só exigir mais raça, garra, gana e suor é pouco, não Porco. É vazio, não é isso. O time tentou. Não jogou. Acontece. Mas tem acontecido demais pra tanto time pra tão pouco jogo.
Hora de ter o pé no chão e a cabeça no lugar. Não é pra cortar cabeças. Mas tem como arriscar pescoços. Tem como se atirar na bola que estava toda perdida e nos defender. Tem como vibrar como Guigui no seu sonho de criança que não tem preço. Como cada vencedor que foi decampeão há 4 meses também já foi Guigui aos 5 anos. Já vibrou como ele na defesa do Prass. Ainda vive seu sonho de criança como profissional do Palmeiras. E precisa manter vivo esse sonho e essa criança para não se perder assim. Para voltar a ganhar com esse espírito infantil que nos deixa mais vivos.
Essa emoção não é o futebol que nos dá. É o nosso time. O nosso amor de criança pra eternidade.
Vocês já são eternos, decas. Mas eu quero mais vezes ver os nossos Guiguis assim. Eu quero vibrar assim. Eu quero ver mais vezes vocês assim. Eu quero ficar assim como ele. Ou como eu ao me ver com 52 anos nesse eterno menino de 5.
Não importa o placar final. O que vale é o começo de tudo isso.