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Família Palmeiras: o clube é dos brasileiros

Família Palmeiras: o clube é dos brasileiros

O maior campeão do Brasil é o Palestra que era Italia e foi forçado a ser de São Paulo até ser obrigado a plantar Palmeiras onde canta o periquito nos campos brasileiros. Um dos motivos que o levaram além dos títulos a conquistar brasileiros mais verdes que amarelos pelo país. Palmeiras que é de todo o Brasil como por ele jogou na Copa Rio e foi toda a Seleção na inauguração do Mineirão.

Palmeiras que não se escolhe, nos acolhe. E precisa mesmo abrir os braços para quem abriu o coração como André Mendes, em Maceió. Ele faria 12 anos pouco depois de 12 de junho de 1993. Filho único, órfão de pai, não torcia nem por CSA ou CRB em Alagoas. Mas viu pela TV o final do SP-93 e da fila de 16 anos do Palmeiras. Ele não sabia disso. Mas ele foi cativado pelos braços abertos de Evair no segundo e no quarto gols dos 4 a 0 no Corinthians.

Ficou Palmeiras. E pôde viver e vibrar a fase “arretada” da Via Láctea da Parmalat. André jogava bola com a 9 de Evair. Celebrou na cantina do Marista o gol do Oséas na Copa do Brasil-98. E toda a escola mangava da cara dele quando o Palmeiras perdia. “Mangava”… Essa eu não sabia. Como muita gente não sabe e não entende – e, pior, não respeita – a opção de alguém de torcer por qualquer clube de qualquer lugar. Não é “moda”. É amor. É pra respeitar. Ponto.

André faria 18 anos em 16 de junho de 1999. Tudo certo pra viagem de formatura para Porto Seguro. Mas como perder a final da Libertadores no Palestra contra o Deportivo Cali, justo no dia da maioridade?

Do Porto Seguro do descobrimento do Brasil para a conquista da América em São Paulo. André chegou dias antes na cidade. Cara e coragem. Sem ingresso. Batalhou e conseguiu um. Pintou um cartaz de criança de quinta série escrito: MACEIÓ/AL RUMO AO JAPÃO.

Chegou bem cedo na final no seu dia de aniversário. Assistiu ao primeiro tempo sem gols perto da Mancha, no meio do campo, onde sonhava. No intervalo, levantou o cartaz mal desenhado. Muito pior entendido… Foi chamado de “Paraíba” e teve de sair de lá…

O Palmeiras a minutos de conquistar a América e palmeirenses perdendo o Brasil, o respeito, a educação, a família Palmeiras…

Mas um cidadão de fato ficou comovido e deu o celular a ele. Disse que era só ligar se quisesse conhecer o clube. E André foi para atrás do gol do placar. Hoje o Gol Norte. Onde o ídolo Evair fez de pênalti. Como de pênalti empatou o Deportivo Cali e ia levando o caneco até Oseinha da Bahia (da mesma região de Alagoas, da Paraíba, seus preconceituosos da talibancada!) desempatar em lance de Júnior – outro baiano. Oséas que levantou a camisa para mostrar a homenagem aos 450 anos da sua Salvador. Como ele mais uma vez era o nosso redentor.

“Foi muito emocionante o segundo tempo. Até hoje lembro os apitos dos torcedores quando o Deportivo pegava na bola, e o silêncio quando ela estava com o Palmeiras”.

Foi um jogo que André mais ouviu ou mais lembra o que ouviu. Porque ele não viu mais nada depois que Zinho bateu o primeiro pênalti da decisão no travessão.

“Abaixei a cabeça e não vi mais nada. Só rezava. Só ouvia”.

E ouviu o Palestra começar a virar o jogo depois do gol de Roque Júnior. Quando ele incendiou a torcida que passou a gritar “fora”.

E foi trave o pênalti de Bedoya. E depois seria fora o decisivo de Zapata.

“Foi quando ouvi um barulho que nunca ouvi na minha vida. Aquela massa gritando, chorando, ambulância, bandeira, algo que não consigo ainda explicar. Como a minha paixão pelo Palmeiras. O maior presente de aniversário da minha vida”.

O ritual de passagem para a vida adulta de André, de fato, é o da permanência na deliciosa infância do torcedor.

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Horas depois, o amigo de arquibancada o colocou dentro do clube. Na sala de troféus onde acabara de chegar a Copa Libertadores.

Ainda bem que algumas fotos ele conseguiu salvar. A fumaça verde da torcida quase estragou a máquina fotográfica. Mas essas não tinham como perder. Como aquela final.

André sofreu com 2002. 2012. Mas fez questão de voltar na final da Copa do Brasil de 2015. De novo nos pênaltis. Do outro lado do campo. Prass sempre.

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Fazendo a festa de todo o palmeirense de todo o Brasil. Ainda que alguns palmeirenses de São Paulo não aceitam os que não são como André. Ainda que muitos alagoanos como André não o aceitem porque ele não torce pelos clubes locais…

Renegado no berço, desrepeitado na casa que adotou, André não dá bola. Em Maceió é chamado de “paulista”. Em São Paulo, de “Paraíba”. Quando, de fato, André e muitos são apenas palmeirenses. Como todos nós, brasileiros ou não, italianos ou não, paulistas ou não.

Apenas palmeirenses. Jamais metidos a besta como algumas bestas metidos a palmeirenses.