(Fotos: Fábio Menotti/Ag. Palmeiras/Divulgação)
Eu não consegui. Não fui capaz. Felipão na sala de coletivas da Sociedade Esportiva Palmeiras, com a camisa alviverde sob as mãos. O sorriso discreto, o bigode indefectível, aquela sensação que não se nomina. Emoção genuína. É um contato direto com o sagrado de cada um de nós. É a sensação não científica de paz que sentimos ao sentirmos a casa do Deus de cada um. Exista ele, ou não.
Felipão é uma entidade que não guarda uma relação concreta com análises, com as relações matemático-físico-quimicas-pranchetisticas que dominaram o futebol. Ele é uma ligação direta com a minha fé cega, com a minha crença, com as minhas sensações de Palmeirismo que nós, e apenas nós, temos que entender. Não se questiona porque se vive.
É lembrar que a minha dedicação de amor e religião pelas minha cores não serão unilaterais e morrerão indistintamente nas superfícies milionárias e frias do esporte. Elas se encontrarão no coração vibrante que me respaldará o envio. Não será em vão, jamais será desperdiçado. A conquista envolve fatores não tangíveis, mas a busca dela envolve um que teremos absoluto comando: a comunhão vigorosa de físico, deles, e anímica, nosso. É fusão.
Vocês que estão fora e querem tornar tudo científico nessa história: eu entendo vocês, mas sinto tanto por vocês. É tão mais acalentador à alma lembrar do que nosso sentimento por um clube proporcionou viver, reavivar no coração que a América ficou na nossa mão e bigodes, que o Brasil avacalhou com nossas chances e o campo provou que futebol é tão além dessas teorias. Que querer significa a infinitude de um poder. Que o que vocês chamam de crendice nada mais é do que fé. Do que amor.
Quando vocês passam horas debatendo que a imagem pode se manchar, que é tudo folclore. Que pena, meus pêsames à vocês que não sabem sonhar. Que duvidam de tudo por não terem em que acreditar. Que não sabem como se pode fazer muito com pouco ou aproveitar o atual muito e fazer taça. Aliás, vencer é um objetivo, mas ter essência é uma questão de sobrevivência. É ter sentido em ser.
Se as glórias se repetirão como já forma, só Deus poderá responder a vocês, mas há algo que eu posso posso, em nome do pai, do filho e do espírito Palmeiras, responder: nós teremos orgulho porque temos história e respeito a quem a construiu. Gratidão ao que eles fizeram, ao que ele é pra nós, ao que é um de nós. Nos defenderá quando preciso e defenderemos em troca. Nossa relação é muito além de empregatícia. É de fé, irmandade.
Que a terra me perdoe por ignorar a ciência da bola, mas eu creio em coisas maiores. Eu sou o Palmeiras, eu sou o povo que se forjou na depreciação, no improvável. Seremos mais uma vez. E seremos inabaláveis, como sempre. Contigo, Felipão. Com fé. Com amor. Juntos.
Não importa o que digam,
Você mora no nosso coração!