Você já sabe o que aconteceu nessa cobrança de pênalti inexistente contra o Palmeiras quando Borja já havia marcado o primeiro dos seus três gols – que mereciam ser mais pelo ótimo segundo tempo de um time com apenas dois titulares. Mas de novo ficou a sensação de que você já sabia antes mesmo que Barrera batesse e a barragem verde defendesse o 13º pênalti dele no clube. Mais uma vez parecia que o Allianz Parque sabia que Prass defenderia muito bem sem dar rebote como já havia feito três grandes defesas num primeiro tempo fraco – mas que não merecia as vaias no intervalo, como Roger não merecia ter sido xingado pela Mancha antes de a bola rolar.
Fernando Prass não fez apenas mais uma grande atuação usual desde que chegou no final de 2012 a um clube que acabara de cair. Ele fez uma grande defesa, uma enorme celebração e ainda, na sequência, se anteciparia para aliviar um ataque colombiano dando um bico pra frente que cairia nos pés do sempre eficiente Willian, que daria no segundo gol de Borja – o de maior categoria, no primeiro hat-trick do colombiano, do Allianz Parque, e o primeiro do clube desde o de Barrios, no Rio, contra o Fluminense, em 2015.
Fernando Prass celebrou a defesa, a atuação e a condição de um cara de caráter. Um que seria a solução em muitos clubes, mas que suporta em silencio e trabalho a reserva de outro que se supera por tudo isso – Jailson. Feliz Palmeiras que, mais uma vez, tem goleiros que honram sua Academia. Como foram ao mesmo tempo Oberdan e Fábio Crippa, Valdir e Picasso, Valdir e Maidana, Leão e Benítez, Gilmar e João Marcos, Zetti e Velloso, Sérgio e Velloso, Gato Fernández e Sérgio, Velloso e Marcos, Marcos e Sérgio, Marcos e Diego Cavalieri, Prass e Jailson e, em 2018, também Weverton.
Se no miolo de zaga verde ainda se discute o companheiro de Edu Dracena, se Roger pudesse, escalaria Jailson e Prass no mesmo time. Não só pelos goleiros que são. Não apenas pelos caras que são. Mas pelos palmeirenses que nasceram como Jailson. Ou viraram como Prass, que celebrou de modo tocante o pênalti e a grande atuação do melhor time da fase de grupo da Libertadores.
O time de Borja. O que não vinha bem. E fez três em meia hora até ser sacado por Roger. O artilheiro de um Palmeiras que acertou belos lances com seus reservas comandados por um Guerra que merece a titularidade. Como esse Verdão merece mais aplausos do que críticas. Mais solos de guitarra que cornetas do apocalipse.