A Seleção Brasileira foi eliminada novamente nas quartas de final da Copa do Mundo diante de uma equipe europeia mediana e, dessa vez, tendo a vantagem ao seu favor a quatro minutos do fim. No lance do gol croata, o time de Tite sofre um contra-ataque com sete jogadores no campo ofensivo. Não existe.
Custa fechar o time? Plantar seis cabeças na frente do gol e não deixar a bola rolar? Pagamos caro pela inocência ou pelo excesso de aversão à retranca. Não são todos que sabem fazer. Enquanto não inventam uma regra que proíba o dito ‘jogo feio’, a arte do ferrolho deve constar nas habilidades de qualquer grande time que se preze. Tite foi esse técnico por um período de sua vitoriosa carreira, mas morreu abraçado com suas novas convicções. A responsabilidade é do treinador.
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De 2016 para cá, desde que um certo time verde e branco foi campeão brasileiro abusando da bola parada e do lateral na área, o que mais se escuta nos arrastados debates da imprensa esportiva é que equipes com forte sistema defensivo ‘jogam feio’. Só serve se atacar, atacar e atacar, ainda que não vença nada – ou que vença apenas em clubes específicos. Em bom português, como Abel Ferreira, são loucos para criminalizar a menina retranca.
Em 2018, a história se repetiu sob o comando daquele que foi o último campeão mundial pelo Brasil. Pintado como ultrapassado pela imprensa tradicional, venceu como costuma fazer. Sem medo de usar a cabeça, o chutão e a velha retranca. Aliás, a Seleção não despacha um europeu no mata-mata desde a final de 2002. Quando Felipão abriu mão de ser Felipão naquela fatídica tarde em julho de 2014 (joga com coragem, joga como Brasil!), todos lembram o que aconteceu.
Desde 2020, então, é praxe desvalorizar cada um dos inúmeros troféus levantados por Abel Ferreira, em parte, porque ele insiste em priorizar defesas sólidas. Não me espanta que o peçam como o primeiro estrangeiro no comando da Seleção no futuro próximo.
Penso que a vitória é o jogo mais bonito que existe, com linha de sete na defesa ou com goleada. Jogar por uma bola, como gostam de dizer, pode ser considerado uma arte. Questão filosófica, mesmo. Defenderia com unhas e dentes o nefasto escanteio curto caso tivesse Xavi e Iniesta no meu time. Mas já que tenho o Gustavo Scarpa, vejo como obrigatória a cobrança para a área.
Cada um se vira com o que tem e, no final, é lembrado quem levanta o caneco. O sucessor não pegará terra arrasada, mas Tite será lembrado pelo fracasso retumbante em duas Copas do Mundo, com direito ao abandono do time em campo. De brinde, uma derrota para a Argentina em final dentro de casa. A supremacia nas Eliminatórias Sul-Americanas vale tanto quanto as goleadas do Palmeiras sobre o Independiente Petrolero na fase de grupos da Libertadores.
PS: O Brasil tem o melhor batedor de pênaltis do mundo. E ele não foi para a marca da cal na disputa por penalidades mais importante de sua vida. Quem explica?
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