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Gustavo Scarpa e uma nova ideia

Gustavo Scarpa e uma nova ideia

(Foto: Gazeta Press)

Não tínhamos atingido os primeiros dez minutos de jogo quando César, o Sampaio, aquele que vocês sabem bem o quanto de alegria, qualidade e técnica trouxe para a camisa verde, disse: “O Scarpa muda muito o sistema do Palmeiras. Muito!”

Intimidado pela companhia ilustre, não assimilo rapidamente qual era a exata mudança, mas insinuo sobre ser uma alteração para pior, um time menos vertical e sem profundidade. William conduz a bola para o terço final com mais velocidade e intensidade. Ainda que fosse óbvia a qualidade do canhotinho com a bola nos pés. Erro meu.

“Ele oferece um estilo diferente porque oferece o jogo pelo meio, faz o time girar, deixa espaço pro Jean avançar e a marcação se vê obrigada a cuidar da finalização eficiente que ele tem e isso acaba gerando a condição do passe”.

Começou a fazer um enorme sentido. Não demora e pelo lado de Scarpa, Jean faz bela jogada individual, conduz a bola e assiste Borja que chuta para o rebote de Vanderlei terminar em gol. O meia havia se movimentado sem a bola para a lateral do gramado, mas mais próximo do meio, sem buscar a linha de fundo, deixando um santista consigo. Surge o espaço para Jean.

Muitas vezes, temos impressões, sensações, visões de gramado, da emoção. Elas podem nos levar a raciocínios nem sempre tão preciso, mas dessa vez, com o auxílio luxuoso, as coisas foram vistas de maneira adequada. É o que aponta o site Footstats que traz o mapa de calor de Gustavo Scarpa sem registros dele após a linha da grande área. Ficou o tempo todo circulando da ponta pro centro, com um meia aberto que joga armando.

Em uma entrevista pós título, o rival, e muito competente Fábio Carille dizia que Jadson fazia o time dele jogar vindo da ponta e vendo o jogo com a linha lateral como proteção e com o chute sempre como opção, afinal, o jogador tinha esse predicado. O lado oposto, era mais vertical e agudo, oferecia o drible, buscava a lateral ou a finalização. Era uma linha de jogadores com características distintas e que se complementavam.

O Palmeiras vencia por 2 a 0 quando Scarpa arrasta a bola para o meio e a marcação busca o possível passe para Lucas Lima, no meio, e para Jean, que abria pela lateral. Com espaço, ele finaliza de canhota com enorme perigo para o gol de Vanderlei. “É um estilo de jogador incomum de se ver pela ponta. O lateral não sabe muito o que esperar e acaba deixando espaço”, dizia o histórico camisa 5, no Camarote FanZone, no Allianz Parque.

Gustavo Scarpa muda muita coisa, é uma outra proposta para um Palmeiras que tem um sistema muito pronto. Sem bola, foi bem, compôs como se deve, afinal, teve dois desarmes no jogo. Com a bola, oferece opções. Do chute, da bola parada, do drible ou da armação complementar ao 20, que é 10. Muito diferente do Bigode mais eficiente do país, mas com tantos predicados quanto.

No próximo final de semana, diante do Galo, Felipão não terá seus leais e decisivíssimos atacantes. Sem Dudu. Sem Bigode. As opções, até então, eram Hyoran e só. Ter readquirido Scarpa como solução, nesse momento, é imprescíndivel e essa uma semana livre será muito relevante para afinar o novo estilo de jogo que pode estar surgindo.