Não faz qualquer sentido viver uma noite como hoje. Não tem qualquer lógica passar maus bocados contra um adversário que tem seríssimos problemas com a bola. E com o que fazer com ela. É daquelas vezes em que por mais difícil que seja, é necessário questionar, é imprescindível criticar e buscar porquês minimamente razoáveis.
Com postura acovardada desde o princípio, o Palmeiras foi ao Nueva Gasômetro em busca de aumentar sua vantagem na liderança do grupo pela Copa Libertadores. Diante do último colocado do Campeonato Argentino, o time de Felipão trouxe uma escalação com três volantes/meias, dois pontas e Deyverson. Sem Scarpa e Goulart, trouxe a campo o trio de meio que muitas vezes jogou no Brasileirão passado.
E deu errado.
Em um primeiro tempo claudicante, a única chance clara, e mais ou menos clara, foi em um lance genial de Moises que achou o travessão. Lance fortuito diante da morosidade que vinha sendo apresentada. O adversário tinha uma enormidade de espaço entre a zaga e os volantes alviverde. Ruins como são, os jogadores do São Lorenzo não eram capazes de oferecer maiores riscos. E assim o primeiro tempo se foi.
Amarelados por matarem jogadas, como se faz na várzea, Bruno e Thiago saíram no intervalo para Lucas Lima e Felipe Melo. O meia que nunca entrou, apenas mostrou seu topete e sua indolência, demorou pouco mais de dez minutos para assistir Hernandes conduzir a bola por duas décadas e meia, dançar tango, comer uma empanada diante de Antônio Carlos e escolher o canto para vencer Weverton e abrir o placar.
Ainda bem que ele não teve pressa para tomar a decisão. Era muita pressão defensiva palmeirense.
No mais, senhores e senhoras, nada aconteceu. Coloccini, veteraníssimo zagueiro argentino, jantou o ataque alviverde como bem entendeu e deve ter se indagado sobre o poderoso elenco alviverde oferecer aquela bolinha mixuruca. Raphael Veiga, preterido no Paulistão, foi escolhido para entrar e resolver o jogo. Como santo de casa que é desprezado um dia e usado noutro, não faz milagre, ele apenas viu o jogo se encerrar.
Há que se questionar muito o que esse grupo apresenta. É tão pouco, é tão feio, é tão pobre. Felipão sabe muito mais de futebol do que eu, mas eu não sou tão imbecil ao ponto de não perceber quando falta. Falta bola, falta plano, falta coerência no uso das peças, falta luz nesse futebol que se resume a ver o que Deyverson consegue resolver numa trombada ou Dudu numa individualidade.
É 2019, mas com um sabor apimentado e argentino de 2012.