Era a mesma meta onde Jailson defendeu o pênalti contra o Barcelona e se lesionou gravemente. E ainda assim seguiu em campo na Libertadores perdida em 2017.
Era um pênalti para o Red Bull Brasil no SP-18 que poderia acabar com a série de 23 jogos sem derrota com Jailson nos guardando.
E tudo isso passou pela cabeça dele enquanto se preparava para a cobrança de Rodrigo Andrade.
Mas quando ele abriu os braços, eu senti algo que não digo raro porque desde 1999 fui defendido na execução penal por Marcos, Diego Cavalieri e Prass como advogados de defesa. Não foi prepotência, e, sim, confiança. Não foi soberba e, sim, segurança.
Juro que não temi. Porque ali havia alguém que não treme. Um cara que não dormiu de novo na madrugada. Vivendo e revivendo aquele sonho de criança que se concretizou quando já adulto -e com a placa de acréscimo na carreira levantada do lado do campo. Como no dia do enea em 2016, quando Prass o substituiu e o abraçou como todo o time em campo e no banco agradeceu como a massa do Jailsão. Um sonho de adulto numa alma de criança palmeirense.
Os 7m32 x 2m44 viraram gol caixote contra o Red Bull Brasil. Não tinha como o pênalti entrar. Jailson espalmou e, na sobra, foi com a cara e a coragem, a alma e o Palmeiras para defender o rebote no bote felino. Mas, sem jactância que não é nossa e muito menos dele, já se sabia que Jailson não levaria o gol. Não é prepotência. É palmeirense nos defendendo.
Jailson também não tomou o gol que o manteve invicto há 24 jogos porque tem Palmeiras que a gente não precisa explicar para quem é. E é impossível para quem não é.
Juro pelos meus amores – não por acaso verdes. Eu não temi o pênalti. Às vezes eu temo o Palmeiras, teimo com o nosso Palestra. Mas têm lances que a experiência nos canta a bola antes como se fôssemos um Jailson, um Prass, um Diego e um Marcos na marca penal.
“Essa bola não vai entrar”. Não nada daquilo do eu “já sabia” nem ele Jailson. É o que se sente. E, sinto muito a quem torce contra, é aquela falta de fair-play tão comentada, e não cometida pela nossa gente.
Jailson, você não jogou “limpo”. Você já “sabia” o que iria acontecer e nos cantou a bola no canto antes de todo mundo. Estava tudo ensaiado e encaminhado. Era só pra dar mais graça ao time que ainda não engrenou e empatou o jogo com gol impedido. Era só pra acabar com a discussão como o pênalti discutível.
Não sei se no próximo tiro de 11 metros eu vou ver de novo o gol ficar menor que os argumentos dos contrários. Mas eu sei que tudo isso que sentimos com um palmeirense na meta agarrando por milhões não é mera coincidência. É mais uma máxima maior que a penalidade: goleiro do Palmeiras não faz defesa difícil. Difícil é atacar goleiro do Palmeiras.