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JG Falcade: A derrota, perdoa-se! A covardia, não!

Fala muito, fala muito. Fala muito, muito

JG Falcade: A derrota, perdoa-se! A covardia, não!

Não se joga mal porque quer. Não se bate um pênalti torto porque achou melhor ser derrotado. Ninguém costuma perder por interesse. Eu não acho correto punir o equívoco. Chutou mal, cruzou errado, foi expulso, escorregou na hora de fazer o gol, tudo isso é parte do futebol e é daquele tipo de acontecimento que não se controla. Ele pode ou não acontecer. E a gente pode, ou não, criticar.

A covardia é diferente.

Covarde não é quem perde, nunca foi assim. Lutar é bonito, ainda que triste, tantas vezes. Não são sempre lembrados aqueles que não vencem, mas sempre são admirados os que se comportam como grandes. Me lembro de vários e vários casos de líderes que foram levantar seus comandados quando eles haviam caído. Em sentido figurado, mas também no literal. Ir ao campo, à quadra, ao ringue, e esticar a mão aos que tentaram de tudo, mas falharam. Dar um conforto e evitar que sigam vivendo aquela cena lamuriosa.

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Ganha-se junto, perde-se ainda mais. Tem que comprar e sentir a dor dos antagonistas. Dar um carinho ao seu zagueiro, que errou o pênalti e teve azar de um desvio fatal, afinal foi esse atleta que te levou a até uma fase aguda de um grande evento esportivo. Dar um abraço no menino, que tem menos da metade da sua idade, e que foi escalado por você a abrir uma série de penalidades que valiam uma Copa do Mundo. Ele não arregou, só errou, e merecia ser abraçado por quem o colocou na linha de tiro.

Perder e deixar que as câmera do mundo todo façam close de seus jogadores chorando copiosamente no campo, sozinhos, é de uma covardia que não cabe no verbete mais rebuscado que possa existir. Os titiquês, o terno chique, o tom de voz sussurrado, a suposta calma e a meritocracia que levou à Copa quem nem consegue mais jogar, só valem no amor. Na dor, deixa com os moleques. Uns de 20, que tão chegando agora, e outros de quase 40, que já tão indo embora. Eles que paguem pelo erro.

Na hora de dançar o pombo, estamos juntos e unidos. Na hora de abraçar o moleque croata, só um jogador. Na hora de levar o Raio pro vestiário, outro jogador. Falar na saída de campo, jogador. Na coletiva, que é obrigatória, mais sussurros, mais culpas, mais palavras bonitas e o abatimento de quem caiu deixando exemplos ruins de como ser líder. Mexer mal no time, é erro. Movimentações, jogadas, treinos, são erros. Abandonar um grupo derrotado e correr pro vestiário é fraco, é desonroso, é pobre e é muito covarde.

Ainda bem que foi a última vez. Será, se muito, lembrado por esse dia de patife. Pra não dizer outro nome.

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