29 de abril de 1970. Último jogo do Brasil de Zagallo antes de embarcar um mês antes de começar a Copa no México. Primeira vez que o treinador improvisa Piazza na zaga, escala Clodoaldo ao lado de Gerson na cabeça da área, abre Rivellino pela esquerda, centraliza Pelé e avança Tostão como centroavante. Seleção mais uma vez é vaiada. Vitória por 1 a 0 contra a Áustria, gol de Rivellino.
Era mais ou menos a escalação que a torcida queria, e boa parte da imprensa, também. Zagallo não estava convencido. E criticava os críticos:
⁃ Esse não é o meu time. É o do povo.
Esse foi o time um mês e meio depois que seria o melhor de todos os tempos no tri de 1970.
12 de outubro de 2017. Mais de 25 mil palmeirenses pedem Borja no Pacaembu depois de erro de Deyverson. Na noite em que o dileto de Cuca melhor jogou. Quatro minutos depois, Borja em campo para fazer ainda menos. Mais uma vez.
27 minutos. Felipe Melo volta ao time ovacionado como se fosse Ademir da Guia. Joga bem. Mas o Palmeiras cede empate ao Bahia que só não virou derrota por causa de Prass.
Como nunca Cuca fez o que a torcida queria. Como sempre foi criticado. Como quase sempre a atuação em 2017 foi abaixo da crítica.
Nem Zagallo escalou o time “do povo” em 1970 para agradar o povo. Muito menos Cuca jogou pra galera e pras feras Borja e Felipe Melo.
Mas os dois episódios se entrelaçam. Ideias que parecem boas e não dão ligas. Teimas que viram time e tudo do nada.
Infelizmente, o final não será como 1970. E só parece já ser visto o final antecipado de 2017.
Algumas vezes o treinador joga bagres às traças para recolher os trapos. Não é o caso. Mas é o ocaso verde no ano para esquecer. É caso para discutir cada vez mais Cuca.