Devido à chegada de Abel Ferreira para ser o novo técnico do Palmeiras, a equipe do NOSSO PALESTRA entrou em contato com o jornalista português Luís Cristóvão, comentarista da Antena 1, Eleven Sports e SIC Notícias, que dissecou o perfil do treinador, comentando o seu estilo de jogo, a sua relação com as categorias de base, a sua personalidade e, por fim, se o Verdão acertou na escolha.
Estilo de jogo
– O Abel, em termos de jogo, é um treinador que organiza as suas equipas muito a partir do momento defensivo. Não é um treinador defensivo, mas organiza as suas equipas a partir desse momento, ou seja, a principal característica das equipas do Abel é essa organização, equipas sempre muito equilibradas, tendencialmente – quer no Braga, quer no PAOK – a defender em 4-4-2, mas a atacar a partir de uma linha de três, muitas vezes com uma mutação na forma como se apresenta. Por isso, é normal ver, nas equipas dele, jogadores que, no mesmo jogo, fazem uma função de lateral e outras vezes uma função de terceiro central. As equipas pressionam, defendem alto, procuram colocar um ritmo elevado nas partidas e, a partir desse momento defensivo, costumam sair muito em ataque rápido, em velocidade, para surpreender o adversário. Eu diria que, em termos de estilo base, aquilo que o Jorge Jesus fez no Flamengo, não sendo igual, mas estão ali uma série de ideias que são semelhantes. O papel dele no lado estratégico do jogo acaba também por ser muito importante, ou seja, apesar de ter um sistema semelhante ao longo da temporada, estrategicamente a equipa muda muito e adapta-se ao adversário.
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Categorias de base
– Ele foi treinador do Sub-19 do Sporting, depois esteve na equipa B do Sporting e do Braga, por isso, boa parte da sua carreira é em equipas de formação. Portanto, é alguém que está muito atento a isso e terá ideias fortes em relação a isso. Na estrutura do Braga, essa era uma ideia que já era trabalhada quando ele lá estava, ou seja, que as equipas de base deveriam trabalhar conforme jogam as equipas principais e ele levou jogadores da equipa B para a principal. Diria que é alguém completamente identificado com essa ideia. Claramente, o Abel Ferreira é um líder, ou seja, é alguém com uma comunicação muito forte, é um técnico que coloca muita emotividade na linha lateral, nas conferências de imprensa costuma ser alguém com ideias muito fortes, muito claras. É como uma daquelas pessoas que não deixa nada por dizer. Creio que isso acaba por trazer esse potencial para influenciar todo o clube, ou seja, se for dada essa abertura, é um treinador para alimentar essa transformação de DNA no Palmeiras, até porque aquilo que se vê no plantel atual do Palmeiras é que é um plantel com muito potencial, com jogadores mais jovens. Tenho certeza absoluta que esses mais jovens vão estar no centro do processo de transformação do Abel Ferreira.
Personalidade e gestão de grupo
– O Abel, em termos de jogo, creio que é alguém muito adaptativo, que se adapta àquilo que a realidade oferece, por exemplo, as equipas do Braga e do PAOK percebe-se que, por conta da característica dos jogadores, por vezes utilizou um ponta de lança mais fixo, outras vezes usou jogadores com mais mobilidade. A nível daquilo que é sua personalidade, é alguém que tem um discurso duro e creio que será alguém que, no vestiário, tem uma relação perfeita com os jogadores. Ele próprio já foi jogador durante doze temporadas na Primeira Liga Portuguesa, e, portanto, percebe bem aquilo que o jogador espera e quer da situação. Com a diretoria, diria que é alguém que vai deixar tudo muito claro, quem é que tem a missão de fazer o quê e, naquilo que forem as missões dele, ele quererá ter palavra a dizer. Portanto, ele gosta que as coisas sejam muito claras e muito bem definidas. O que for responsabilidade dele ele vai assumir e o que não for ele espera que lhe cedam um nível de exigência igual ao que ele impõe a si próprio.
Palmeiras acertou?
– Eu acho que sim. Confesso que é um treinador com enorme potencial. Diria até que, destes treinadores indo ao Brasil, é o primeiro português que vai em fase ascendente em sua carreira, ou seja, claramente esperava-se que após o PAOK ele fosse a uma equipa grande e o Palmeiras acaba por ser essa equipa grande na carreira do Abel. Depois, é alguém que também trabalha sempre muito bem rodeado na equipa técnica, nas pessoas que trabalham com ele a nível da análise, do scouting, tudo isso, e tenho a certeza que o Abel, quando aterrar no Brasil, vai conhecer totalmente a realidade do Palmeiras, em termos de jogadores e da forma como tem jogado. Por isso, parece-me que tem tudo para ser uma escolha certa. Garanto, até porque já vi o Palmeiras jogar várias vezes nessa temporada, que vamos ver um Palmeiras jogando muito mais do que tem jogado até agora.
Abel Ferreira será o substituto de Vanderlei Luxemburgo no Palmeiras, assinando por duas temporadas. O treinador estava no PAOK, da Grécia, mas se destacou no comando do Braga, de Portugal, ao chegar aos 75 pontos no Campeonato Português, melhor campanha da história do clube.
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