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Leivinha, há 47 anos

Leivinha, há 47 anos

47 anos da estreia de Leivinha.

Eu tinha quatro anos. Não lembro. Um dia depois do meu aniversario de 9, em 3 de setembro de 1975, vendemos ele e Luís Pereira pra Espanha. Não quero lembrar. Foi a primeira sensação de perda da minha vida. Até então não conhecia ninguém que tinha morrido. Só eu, um pouco, naquele dia em que dois dos maiores da minha vida saíram dela.

Luisão um dia voltou, e foi Verdão de 1981 a 1985. Leiva, não. Foi São Paulo em 1979 até o joelho pendurar a chuteira. Não as dores que até hoje sente.

Leivinha me fez chorar como homem aos 9 anos. E como criança aos 46, gravando o filme do centenário do Palmeiras, que lançamos em 2016. Quando eu relembrei essa história de choro que já havia contado a ele quando trabalhamos juntos na Band. Perguntei chorando pela primeira vez no trabalho. Ele respondeu chorando, como se vê no trailer do 12 de Junho de 93 – O Dia da Paixão Palmeirense.

Leivinha conseguia ser ídolo ao lado de Ademir, Dudu, Luisão e Leão. Artilheiro com o Maluco do César. Mais um craque naquela Academia. O melhor cabeceador que vi. Técnica, tempo de bola e impulsão. E leveza para driblar e jogar.

E pedalar à frente dos marcadores. Até dos goleiros. O último gol dele pelo Palmeiras no Brasil foi na Máquina do Fluminense. Deixou sentado o goleiro Nielsen numa passada elegante sobre a bola. Me deixaria prostrado depois pela ausência que nem a presença no ano seguinte de Jorge Mendonça com a 8 saciaria.

Leivinha pode não estar entre os 10 melhores do Palmeiras. Mas, na lembrança afetiva, e na efetiva memória de um senhor jogador, ele sempre vai subir mais que todos na área. Sempre sairá ganhando os jogos. Fazendo gols. Ou passando a bola para o mais importante Ronaldo de um dérbi fazer 1974 tão inesquecível como Leiva foi de 1971 a 1975.

Faz 47 anos que Leivinha apareceu bem na foto que hoje ele segura amassada. Farão mais todos os meus anos para alguém subir mais que ele no meu conceito. Não adianta. Posso ter visto jogadores ainda melhores que ele. Mas mais ídolos?

De cabeça, de primeira, do jeito que ele jogava? Não tem. De coração? Só ele.