O Palmeiras renasceu no cenário nacional em 2015. Após anos de sofrimento, angústia e decadência, o alviverde voltou a ser o que é e agir como maior campeão nacional. De lá pra cá, em todos campeonatos que o Palestra entrou, independente do resultado final, em algum momento fomos protagonistas.
Um dos responsáveis por isso foi o diretor de futebol Alexandre Mattos. Muitas contratações, muitas conquistas, mas um problema: os jogadores da base acabaram sendo deixados de lado em meio a tantos atletas contratados nos últimos três anos. O Nosso Palestra fez análise completa sobre o uso da base desde 2015.
De lá pra cá, o Palmeiras usou 80 jogadores diferentes em competições oficiais. Destes, 52 foram contratados no período, enquanto 12 eram de elencos anteriores (Vale lembrar que houve uma reformulação quase total em 2014) e apenas 16 eram ‘crias’ da base palestrina.
Mas não basta apenas olhar quantos foram utilizados. Temos de ver como foram utilizados. Consideramos aqui então que, para um jogador ser considerado aproveitado ele precisa se enquadrar em dois critérios:
- Ter jogado pelo menos cinco partidas (desde 2015) pelo Palmeiras.
- Ter ficado ao menos 300 minutos em campo.
Dos 80 jogadores utilizados no período, 57 foram de fato aproveitados. Nessa nova subdivisão, temos:
– 44 jogadores contratados após a chegada do Mattos;
– 8 jogadores de elencos anteriores;
– E apenas 5 jogadores da base.
Importante salientar que Thiago Martins foi considerado como atleta de elencos anteriores. Ao ser contratado, em 2013, já havia jogado pelo profissional do Mogi Mirim.
Os cinco jogadores da base que foram de fato usados no período foram: Renato, Victor Luís, João Pedro, Matheus Sales e Gabriel Jesus. Os três primeiros subiram em 2014 e os dois últimos, em 2015. O que quer dizer que, nos últimos 2 anos, nenhum jogador que subiu da base foi, de fato, aproveitado. O que chegou mais perto disso foi Vitinho, que entrou em 6 partidas de competições oficiais, mas sempre atuando pouco tempo. Tão pouco tempo que somou apenas 98 minutos vestindo a camisa do Palmeiras e agora está emprestado ao Barcelona B.
- Renato: Atuou em 8 partidas (todas em 2015) e somou 452 minutos em campo. Atualmente tem 25 anos e está emprestado ao Paysandu.
- Victor Luis: Atuou em 10 partidas (Em 2015 e 2016) e somou 622 minutos em campo. Atualmente tem 24 anos e está emprestado ao Botafogo, fazendo boa temporada. Mattos acenou positivamente para o seu retorno, em 2018.
- João Pedro: Jogou 21 partidas (Em 2015 e 2016) – incluindo a final da Copa do Brasil de 2015 – somando 1783 minutos em campo. Atualmente está emprestado à Chapecoense.
- Matheus Sales: Jogou 29 partidas (Em 2015 e 2016), sendo importantíssimo na reta final da Copa do Brasil de 15, somou 2075 minutos em campo. Atualmente está emprestado ao Bahia.
- Gabriel Jesus: Dispensa apresentações e é um ponto fora da curva. Somou 80 jogos, 6000 minutos e 28 gols. Uma média de um gol a cada 214 minutos em campo. Infelizmente está no Manchester City e na nossa memória, atualmente.
Uma outra análise importante ser feita é a média de tempo em campo de cada jogador:
Dos jogadores que foram contratados na ‘Era Mattos’,há uma média de 2.983 minutos em campo por atleta, enquanto que os jogadores da base têm uma média de apenas760 minutos em campo – se desconsiderarmos Gabriel Jesus, a média dos outros 15 jogadores da base cai para apenas 410 minutos em campo.
Uma curiosidade é que dos 29 gols marcados por jogadores da base do Palmeiras, 28 foram de Jesus.
Em 2017, com muitas contratações, a saída de Gabriel Jesus, a pressão por títulos e resultados imediatos, o Palmeiras parece ter esquecido a Base de vez. Apenas as ‘crias da base’ Vitinho e Gabriel Furtado atuaram na temporada. E já faz 16 partidas que o alviverde não tem em campo um jogador formado em sua própria categoria de base.
Se isso preocupa, por outro lado, o clube tem investido em jovens talentos como Juninho, Luan, Hyoran, Raphael Veiga, Roger Guedes e Erik. Também tem sido assim na base, onde o clube busca contratar de outros times, como no caso dos jogadores Iacovelli, Estagarribia e Alan Guimarães. O último é a maior aposta da base, basta saber se será aproveitado ou se terá destino parecido com o de Vitinho.
A questão que fica é: será que falta qualidade na formação de atletas e deveriam ser dadas mais oportunidades para os garotos na equipe principal?
Por Vitor Bento