Quando o Palmeiras superou a lógica e o desespero do jogo de volta contra o River Plate, Abel Ferreira abraçou Gallardo e disse a ele no gramado o que reiterou depois algo que eu nunca tinha ouvido de um treinador – e de um jornalista: “Gallardo é melhor do que eu”.
E é mesmo – ainda que tenham quase o mesmo tempo no ofício.
Quando Abel superou o Santos e foi bicampeão no Maracanã, ele fez questão de dizer em primeiro lugar – como ele e o Palmeiras na América: “obrigado” para todos e por tudo.
Incluindo algo também raro: agradecer o antecessor Luxemburgo pela base que deixou, e pelos primeiros cinco jogos do Palmeiras na Libertadores. Ele ainda enalteceu merecidamente a trajetória igualmente campeã de Felipão. E ainda valorizou os treinadores do Brasil pentacampeão mundial. Esses que amamos detonar. Esses que – dever dizer – também amam detonar estrangeiros como o conquistador português.
Como Abel mesmo disse quando chegou ao clube, cidade, país e continente há apenas três meses: “todas as manhãs eu não tenho coragem de pedir nada. Apenas agradeço”.
Professor, você não prometeu títulos ao chegar, e já nos deu um. Não peço a você mais nada – embora também queira tudo. Só quero que você não siga chorando de saudade da família.
Ou melhor: quero que ela venha se juntar o quanto antes à Família Palmeiras.
A que você conquistou tão rapidamente quanto o título da Liberta
Cabeça fria, coração quente, pés no chão e olho na bola no domingo.