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Mauro Beting: 'As renúncias de Abel Primeiro'

Abel sabe jogar como se pensa. Pra frente. Mas também sabe que em tudo é necessário equilíbrio

(Foto: Cesar Greco)
(Foto: Cesar Greco)

O time campeão da Libertadores em 2020 com a segunda melhor campanha da história do torneio (com ao menos 10 jogos) não pode ser “retranqueiro”, como foi vencedor o de Abel (e também de Cebola e Luxemburgo).

O time com mais gols marcados no século em uma edição do torneio (2020) não pode ser dirigido por um defensivista. O segundo melhor ataque da Libertadores de 2021 não pode ser conduzido por um treinador que só sabe jogar fechadinho até a medula. O segundo melhor ataque do BR-21, por óbvio, não pode ser chamado de ineficiente. Ou sem vocação ofensiva.

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A equipa que meteu 3 a 0 no São Paulo não é idealizada e treinada por um técnico que só pensa em se defender.

Abel sabe jogar como se pensa. Pra frente. Mas também sabe que em tudo é necessário equilíbrio.

Em tudo. Até para poder sonhar com tudo.

O problema é quando existe o desequilíbrio. Quando o Palmeiras, jogando em casa, na ida da semifinal, não cria chance alguma em 90 minutos amuados contra um time que era melhor – como é o Galo. Teve a sorte de um pênalti de Hulk bater na própria trave. Mas também a fortaleza de conceder apenas quatro chances ao rival (e passando por 180 minutos de Libertadores sem ser molestado com finalizações que exigissem a intervenção de Weverton, contra São Paulo e Atlético). São indiscutíveis esses méritos dentro da estratégia discutível de apenas se defender – também pelas más atuações individuais palmeirenses, e por discutíveis mexidas do treinador no primeiro jogo.

Como tirar Dudu que não estava bem no Allianz Parque. Como o craque e ídolo verde não estava também no Mineirão. Mas acabou fazendo o gol da classificação no primeiro lance de Veron. Mexida que deu certo, ainda que custando a saída de Roni (que não vinha bem). Mas que era ao menos mais um à frente de um time que até então, perdendo a classificação, só tinha chegado com perigo três vezes à meta. Duas em lançamentos espetaculares de Weverton – o goleiro!

Cobrar Abel para que o time jogue “melhor” e mais ofensivamente não é ofender o treinador e o futebol e Portugal. Assim como ele renunciou a tanta coisa para estar no Brasil (que também trabalha como Portugal), ele não pode renunciar ao ataque. Cobrar o Palmeiras para que em 90 minutos de Libertadores no Allianz acerte mais do que um chute de longe de Roni na meta não é pedir a cabeça (privilegiada) de Abel. É apenas desejar que o time jogue o que sabe e o que pode. Querer apenas que o campeão da América e de novo finalista seja mais “equilibrado” como já foi na maioria dos 90 jogos dele.

Ou minimamente mais equilibrado que os ainda muitos detratores de Abel por qualquer coisa. Também mais equilibrado que quem por tudo o defende mais do que o Palmeiras se defendeu na ida contra o Galo.

Abel não merece a borrasca de críticas que recebe até pela chegada de Cabral a Pindorama. Quando ele, para se defender, atacou de modo tão desnecessário quanto alguns contragolpes. Lá dentro é onde o time dele precisa mesmo atacar para se defender. É no campo, não na sala de entrevistas. Quando ele também não pode ser blindado de questionamentos pelas escolhas e pela escola.

Abel se perde de tanto querer ganhar quando algumas críticas são realmente descabidas. Como dizer que ele não tem repertório tático (às vezes até tem demais!). E quando os que sofrem com os gols do Palmeiras dizem que o time dele não sabe fazer gol.

Aí não é discussão tática. É outra coisa. Ou a mesma de sempre.

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