Eu comecei a ver Santos x Palmeiras na sala de embarque em Paris. Odinei Ribeiro narrando, Maurício Noriega e Ricardinho comentando no Premiere do meu celular. Só craques e amigos que o futebol me deu.
Pela ordem. O Palmeiras me deu o futebol que me deu o jornalismo que meu deu o SBT que me deu passagem, hotel e credencial para comentar uma Champions no Stade de France.
Eu não podia pedir mais nada. A não ser que o embarque fosse adiado. Entrei no avião e o meu sinal travou. Internet também. Zap.
Modo avião. Voo cego e surdo.
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11h39 minutos depois pousei em Guarulhos. Até o roaming saber que eu estava em casa, nada. Quanto foi o clássico? Terá sido a sexta vitória seguida palmeirense? O Santos voltou a mandar na Vila como vinha fazendo?
Nada de voltar o sinal. Até que entrou o zap. Mas só pra receber. Nem perguntar eu podia. Primeira mensagem: meu caçula. Mandou 17h36 de Brasília. 22h36 já sobrevoando a França: “VOLTE IMEDIATAMENTE PARA O BRASIL”.
No minuto seguinte, a confirmação do temor do Gabriel: “VEIGA PERDEU UM PÊNALTI”.
Ainda bem que só vi a mensagem agora. Teria pulado sem paraquedas do Boeing. Nem sei se era Boeing. Mas sei que o mundo estava acabando. E eu longe de casa.
Mas já imaginei. João Paulo, esse monstro de goleiro, deve ter pegado. No 1 a 0 no SP-22 morri de medo. Falei isso pro Veiga ainda no gramado. E ele: “imagine eu que bato os pênaltis”. E como bate. E só merecia perder o homem de gelo com pé quente num jogo que o time não tivesse perecido.
Posso dizer, então, que, pra mim, Veiga não perdeu pênalti. Não vi. Logo, como todo bom brasileiro, “se eu não vi não aconteceu”.
Ponto.
Agora só faltava saber quanto havia sido o jogo. Entro num aplicativo de resultados. Tá lá toda a rodada. Vou jogo a jogo. E resolvo tapar com o meu cartão de embarque o lado do placar do visitante. Logo, veria primeiro quantos gols o Santos havia marcado.
“0”.
Ufa! Um pontão na Vila já está garantido.
Aí deu a ansiedade de ver o nosso placar. Devagarinho deslizo o cartão de embarque pra direita e vejo.
“1”.
Abro o sorriso. Pelo Palmeiras. Pelo Veiga. Pelo meu filho. Pelo Alviverde inteiro.
Mas, apesar de todo o suspense, abro o jogo. Era o meu palpite. O que esperava mesmo sem Danilo, Weverton e ótima companhia.
Culpa do Abel. Ele está conseguindo injetar gelo na nossa cabeça. Sem perder o coração quente.
Juro. Eu estava otimista – mesmo sendo palmeirense e jornalista esportivo, nessa ordem mesmo.
Não sei como foi o jogo. Só sei que o palmeirense precisa mesmo curtir o momento. Cada vez mais longo. E que ainda pode nos levar pra mais longe.
Mas sempre com os pés no chão. E a cabeça nas nuvens. Como eu estava. Sem saber. Mas sabendo.
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