Quando a bola sobrou limpa pela direita e Deyverson demorou para definir o lance mais do que o Palmeiras para vencer o dono do Morumbi desde 2002, não teve quem não cornetou o esforçado centroavante. Ele tinha que bater em gol mais rápido do que ele inventa treta, ele tinha que passar pro Dudu mais rápido do que ele simula falta. Parece que naquela hora faltou o chip que ele bravamente admitiu ao Marco Aurélio Souza no Premiere: “Sou um cara que venho sendo bem criticado pelas coisas que estou fazendo dentro de campo. Minha família conversou comigo, meus companheiros, treinador e eu estou aprendendo a lidar com a pressão. Sou um menino tranquilo, humilde, com os pés nos chão, mas às vezes solta o chip da minha cabeça e não sei o que acontece. Faço umas coisas que me prejudicam, mas todos têm conversado comigo, meu psicólogo.” Esse Menino Maluquinho não centrou certo a bola. Mas centrou a cabeça no clássico. No escanteio Gómez usou bem a cabeça como tem usado muito bem todo o corpo na nossa defesa. Logo depois Dudu mandou na trave a bola que Mayke centrou na cabeça agora centrada de Deyverson.
Dois a zero em três minutos e ainda uma bola na trave no meio. Uma grande vitória sem sete titulares. Ou com os 22 do Felipão.
Mas a maior vitória mesmo foi o Deyverson jogar bem ainda com alguns chutes e tropeços, e não se perder nas provocações alheias e dele próprio. Foi sóbrio como voltou a ser Felipe Melo. Ganhando na bola e não se perdendo pela boca.
Ainda maior o sucesso pela admissão dos erros com coragem e caráter. Humildade para saber que quem se acha se perde. Quem só zoa cai na zona.
O Deyverson que se quer é esse. Melhor ao lado que contra. Muito melhor centrado e aproveitando os centros. Coisa de centroavante. Não de atacante indefensável.