Pedi a três palmeirenses que definissem em uma frase a derrota para o Corinthians no clássico.
– Palmeiras perde ao não querer ganhar e se perde ao jogar na conta do árbitro os próprios erros.
– Famoso nó tático.
– Palmeiras perdeu porque não entrou com espírito de clássico.
Os torcedores assistiram ao mesmo jogo e enxergaram motivos diferentes para a derrota. Porém, todos eles têm razão.
O primeiro torcedor está certo quando fala em perder ao não querer ganhar e coloca na conta do juiz a derrota. Roger Machado não conseguiu ver seu time fazer o que gosta durante os 59 minutos da partida com 11 jogadores em campo. Foram poucos os momentos do jogo nos quais o Palmeiras equilibrou ou teve posse de bola superior ao adversário. Repare na imagem:
O segundo torcedor fala em nó tático, tendo em vista que o Palmeiras não finalizou ou passou mais do que o Corinthians. A equipe foi superior apenas no quesito lançamentos, concluindo 16 corretamente e 11 incorretamente, sendo que o rival acertou e errou oito tentativas. Mesmo diante de um Corinthians recuado após obter a vantagem no campo e no placar, disposto a deixar a bola com o Palmeiras, os comandados de Roger Machado não conseguiram oferecer perigo.
O terceiro torcedor deixa em seu comentário a observação que número nenhum consegue confirmar ou contradizer. O olhar daquele que torce por quem está em campo é o único capaz de julgar se o time passou a impressão de deixar tudo o que poderia ali ou não. E esse torcedor não carrega essa negativa avaliação sozinho. A grande maioria não enxergou a vontade que gostaria.
O clássico não pode colocar em cheque o bom trabalho desenvolvido até aqui pelo Palmeiras, mas pode abalar a confiança nele. Tudo por conta desses três motivos para a derrota. Não há dúvida de que o elenco é bom, assim como não há dúvida de que o treinador é bom, tampouco há dúvida de que esse grupo é ambicioso. Porém, não é suficiente ser. No futebol, e em grande parte da vida, é preciso também mostrar ser, parecer ser e confirmar ser.