Texto escrito por Nathalia Ferrari
Uma história que começou há tantos anos e eu não sei dizer exatamente quando, como e nem por quê. Nasci em 90, em 93 corria de braços abertos como Evair e gritava “Animal” aos quatro cantos. E dali em diante, veio uma febre que só foi controlada com a minha primeira camisa listrada. Mas a temperatura jamais abaixou, sempre estive totalmente tomada pelo sentimento – um pouco de loucura, um tantinho de sanidade, mas muito volume. É o Scolarismo que entrou nas veias e nada seria capaz de mudar.
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Era muito cedo na minha vida, mas eu já entendia a emoção e as lágrimas que um jogo de futebol era capaz de me causar. Foram alguns títulos vendo pela tevê, solitária com a minha bandeira e meu achocolatado da patrocinadora. Um dia, tive uma ideia: quero estar perto, quero cuidar, quero abraçar os meus, quero proteger.
Há 18 anos, comecei uma caminhada, antes de faculdade ou qualquer qualificação. Queria estar na mídia esportiva. Lutei muito, as portas fecharam inúmeras vezes. Sofri assédio moral aos 14 anos, dentro do meu ambiente de trabalho televisivo. Escrevi um livro por 11 anos, mas virei nota de rodapé. Foram muitos percalços, desisti. Não tinha mais forças para gritar e lutar.
Mas a minha história não é comum. Eu venho de uma trajetória torta, de responsabilidades altas quando deveria estar brincando. E quando meu coração quebrou em caquinhos, foi nas alamedas que encontrei conforto.
Em 2021, a situação em casa não era das mais confortáveis. Deixei-me de lado para cuidar do meu pai, que passou por três cirurgias durante a pandemia. Faria tudo de novo. Achei uma força que eu não sabia que tinha, consegui segurar a família e pude respirar em alívio. E quando eu menos esperava, o Palmeiras estende as mãos e me diz: “Venha para cá, minha filha, venha para a sua casa”.
E meus olhos viram. Vi a primeira derrota na volta do estádio. Discuti com outros torcedores, sozinha. Vi todos os cenários nestes poucos meses presenciais. Abracei apertado o Prass todas as vezes que dividimos a tela juntos. Na fase remota, agradeci e reverenciei meus ídolos, os agradeci por terem me feito Palmeiras. Em pouco mais de seis meses, vi e vivi tudo no máximo, na intensidade que me cabe.
Mas o que meus olhos viram, foi algo completamente diferente. Fiz questão de observar todo o trabalho da comunicação e sempre descia na coletiva de imprensa. Para mim, engrandece todo tipo de cenário e o aprendizado que posso extrair. Mas naquele pós de Palmeiras X Atlético-GO, algo mágico aconteceu.
Tudo deu certo naquela noite. Eu estava orgulhosa do que havia feito na live pré-jogo. Nós ganhamos. E Abel Ferreira, na sua última resposta, fala sobre o clube e seus cem jogos completos. E aí, meus olhos transbordaram.
Olhei para cima, tentei disfarçar, mas meus companheiros também viram. Um arrepio que me pegou de ponta a ponta. Todos nos abraçamos, num momento lindo e fraterno. Eu lhes disse: “Vai dar, eu sinto”. Na saída do professor, secando minhas lágrimas, falei: “Estamos vivendo um momento especial”. Ele sorriu para mim e piscou, como fez todas as vezes. Abel Ferreira também viu.
O resto, é história. O tri veio. Eu vi com meus olhos verdes que espelham a cor do coração. Eles viram também. Todos viram.
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