(Foto: Arquivo Pessoal)
Neneu,
Era para você estar em Guararema. Ter ido para Mogi. Ter beijado o Théo, seu primeiro bisneto. Era para você confundir o nome. Chamar de Léo, Réu, Créu. De seu. Seu neto. O filho do André nasceu um dia antes do Natal. Na véspera.
Não lembro de ter visto o Noel na sua casa. Meus melhores presentes vieram das suas mãos. O senhor faz muita falta por aqui. Está um verão de rachar, calor danado de forte, um sol para cada um. A piscina está esperando seu salva-vidas e suas broncas na estrada. Em horas todo mundo vai voltar para Mogi. Para ver o Théo.
O Théo deu um susto em todo mundo. Era para ter nascido poucos dias depois. De repente seu neto mais velho ligou e deu a notícia: ia nascer. A gente quer que você renasça. Que dê aquela vitamina de café, leite e goiabada pra ele. Que brinque e abrace. Que tenha o carinho que sempre teve com as crianças. Que fique bravo com o Palmeiras. Que faça o Théo ser palmeirense Que mime o Théo. A gente quer que volte a escrever. A gente quer você de volta. O senhor se despediu em 2013.
Neneu,
Todo mundo tem pensando muito no senhor. Daqui uns anos, uns dez, talvez, o Théo vai perguntar: por que Neneu? Como ele era? E o Dedé vai se emocionar e adorar responder. Tudo que traz emoção tem um significado especial. Os finais de semana em Guararema, os puxões de orelha, os carinhos quando nada dava certo e a voz grossa. Vai ser fácil explicar para o Théo quem é o senhor. Quem é. Porque o senhor vive dentro da gente.
Na prática vai ser o Neneu quem vai criar o Théo.
Porque foi o Neneu quem criou cada um de nós. Sua escola continua firme apesar do nosso choro. Nós crescemos.
O Théo nasceu. O Neneu vive. Vive em cada beijo que o novo pai dará no filho.
Um beijo no meu pai e continuem por perto sempre que possível.
Do seu neto sobre seu bisneto.